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'Não sei quem fez', diz Torres sobre a minuta de golpe

São Paulo

11/06/2025 07h51

Interrogado nesta terça, 10, no Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres afirmou que não prestou nenhum tipo de assessoramento jurídico para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no plano de golpe de Estado. Réu do "núcleo crucial" da trama, ele voltou a dizer que não elaborou a minuta golpista apreendida em sua residência e disse que era comum levar documentos do trabalho para casa e que a cópia deveria ter sido "destruída há muito tempo".

"Na verdade, ministro, não é a minuta do golpe, eu brinco que é a minuta do Google, porque está no Google até hoje. Esse documento foi entregue no meu gabinete no Ministério da Justiça e eu levava diariamente duas pastas para a minha residência, uma delas contendo a agenda do dia e outra com documentos gerais que vinham no ministério", declarou Torres ao ministro Alexandre de Moraes. "Foi uma fatalidade. Nunca trabalhei isso. O documento era muito mal escrito. Não sei quem fez, não sei quem mandou fazer e nunca discuti esse tipo de assunto."

No interrogatório, o ex-ministro também foi cobrado por Moraes a explicar os questionamentos às urnas que fez na reunião ministerial de 5 de julho de 2022. "Eu nunca questionei a lisura do processo eleitoral. Todas as minhas falas são em relação às sugestões de melhorias que os peritos (da Polícia Federal) trouxeram naqueles documentos", disse.

Ainda de acordo com Torres, ele sempre defendeu a segurança das urnas quando era questionado por Bolsonaro. "Tecnicamente falando, nós não temos nada que aponte fraude nas urnas. Nunca chegou essa notícia até mim. E, quando era questionado pelo presidente ou por qualquer autoridade, sempre ei isso. Que nós não tínhamos tecnicamente nada a dizer sobre as urnas eletrônicas."

Torres participou da transmissão ao vivo feita por Bolsonaro no dia 29 de julho de 2021, no Palácio da Alvorada, episódio que, segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), marca o início da trama golpista. Na live, Bolsonaro questionou, sem provas, as urnas e a segurança do processo eleitoral.

Já na reunião ministerial, Torres atacou o Supremo. A Moraes, o ex-ministro justificou que era um momento "muito acirrado na relação entre o Executivo e o Judiciário" e se desculpou pelo tom. "Eu fui um dos que mais se esforçaram para que essa relação não se esbagaçasse. Eu tentei, de todas as formas, manter o diálogo, mas eu sentia uma pressão muito grande", declarou.

Atos golpistas

Torres também precisou explicar por que não trouxe o celular quando se entregou à PF para ser preso preventivamente em janeiro de 2023, após os atos golpistas do 8 de Janeiro. Ele alegou que perdeu o aparelho e isso prejudicou sua defesa.

"Foi o momento mais duro da minha vida. Saí como secretário de Segurança e saiu minha prisão. Isso me deixou completamente transtornado. Perdi o equilíbrio completamente com a notícia da prisão. Não tinha nada a esconder, tanto que forneci a senha da nuvem do celular à PF."

No 8 de Janeiro, ele era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, mas estava de férias nos Estados Unidos. Torres alegou que a viagem estava marcada desde julho de 2022. Ele é investigado por suspeita de omissão nos ataques na Praça dos Três Poderes. "Houve uma falha grave no cumprimento do protocolo de ações integradas", disse.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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