Juiz anula julgamento por estupro contra Harvey Weinstein
O juiz de instrução do caso que levou o ex-produtor de cinema Harvey Weinstein de volta ao banco dos réus declarou a anulação do julgamento da acusação de estupro por divergências entre os membros do júri.
"As deliberações se tornaram tão acaloradas que me vejo obrigado a declarar a anulação do julgamento da única acusação sobre a qual ainda não chegaram a um veredicto", disse o juiz Curtis Farber ao júri.
Na quarta-feira, o júri condenou Weinstein por agressão sexual contra Miriam Haley e o absolveu da agressão sexual contra Kaja Sokola, ambas supostamente ocorridas em 2006.
Mas os 12 integrantes do júri - 7 mulheres e 5 homens - foram incapazes de chegar a um acordo sobre a acusação de estupro contra Jessica Mann em 2013, pelo qual se realizará outro julgamento sobre esta acusação em uma data a ser definida.
O juiz convocou uma audiência para o próximo dia 2 de julho.
Weinstein voltou a sentar-se no banco dos réus depois que um tribunal de apelações anulou no ano ado o julgamento de 2020 e a condenação de 23 anos de prisão em um dos casos mais emblemáticos do movimento #MeToo.
Na época, o júri deu razão a Haley e Mann. A denúncia de Sokola foi incorporada neste novo julgamento.
- Novo julgamento -
A promotoria, que exerce a acusação, refutou a alegação da defesa de que um novo julgamento exerceria uma pressão injusta sobre Mann, uma aspirante a atriz.
"Procederemos ao julgamento e isso é o que seria justo neste caso", disse a promotora Nicole Blumberg.
Weinstein já cumpre uma condenação de 16 anos de prisão imposta por um tribunal de Los Angeles após ser considerado culpado de estuprar uma atriz europeia há mais de uma década.
O julgamento em Nova York foi marcado por recorrentes problemas pessoais entre os membros do júri, dois dos quais se queixaram em particular ao juiz sobre a conduta de seus colegas.
O presidente do júri havia comunicado ao juiz que não poderia continuar após receber ameaças de alguns membros do júri, que chegaram aos gritos e às ameaças.
O juiz informou na quarta-feira à acusação e à defesa que um membro do júri chegou a proferir ameaças ao presidente, dizendo-lhe que "um dia nos veremos cara a cara" fora do tribunal.
Isso levou o principal advogado de Weinstein, Arthur Aidala, a pedir mais uma vez a anulação do julgamento.
Em meio à expectativa, o fundador dos estúdios Miramax, de 73 anos, tomou a palavra na quarta-feira na sala com voz autoritária.
"Ouvi ameaças, violência, intimidação... isso não está certo para mim... a pessoa que está sendo julgada aqui", disse o outrora todo-poderoso homem de Hollywood, cujas denúncias de agressão sexual provocaram o movimento #MeToo e sua queda espetacular em 2017.
Mais de 80 mulheres o acusaram de terem sido vítimas de seus abusos sexuais.
gw/af/mel/aa/dd/aa
© Agence -Presse