França: adolescente que matou inspetora não demonstra arrependimento e fala de "perda de referências"
O adolescente de 14 anos que matou a facadas uma inspetora, na terça-feira (10), na entrada de uma escola no nordeste da França, não expressou "remorso" durante sua prisão provisória, segundo informações do Ministério Público nesta quarta-feira (11). O crime causa comoção na França.
O suspeito não apresenta "sinais de um possível transtorno mental", disse o promotor de Chaumont (nordeste da França), Denis Devallois. "Ele ite ser o autor" e "não expressa arrependimento"
O suspeito havia sido "repreendido por uma inspetora ??na sexta-feira quando beijava sua namorada" dentro da escola e afirmou que "não tolerava mais o comportamento de supervisoras em geral". Ele tinha "um plano determinado para matar uma inspetora", mas "não tinha como alvo" a vítima, afirmou o promotor.
O estudante também "expressa fascínio pela violência e pela morte, bem como pelos personagens mais sombrios de filmes e séries de TV", disse Devallois aos jornalistas durante uma conferência de imprensa nesta quarta-feira. "Ele joga videogames violentos sem ser viciado" e "usa raramente as redes sociais", completou o promotor afirmando que o adolescente falou de "perda de referências" em relação "ao valor da vida humana".
De acordo com o Ministério Púbico, ele é acusado de homicídio qualificado e pode ser condenado a até 20 anos de prisão.
"Sideração"
A comoção gerada pelo caso na França é destaque dos principais jornais nesta quarta-feira. "A sideração" é a manchete do Libération que estampa sua capa com a foto de um menino deixando flores na entrada do estabelecimento de ensino onde o drama ocorreu, a escola Françoise Dolto, no município de Nogent.
O diário destaca que a vítima, Mélanie, de 31 anos, foi alvo de várias facadas de um aluno do último ano do ensino fundamental. A tragédia ocorreu por volta das 8h da manhã de terça-feira (10), durante uma revista das mochilas, previamente agendada e realizada sob coordenação da polícia militar sa - uma das novas medidas do governo para tentar conter a onda de violência nas instituições escolares.
"A França sob o choque" é a manchete do jornal Le Figaro, que ilustra sua capa com uma foto do policiamento na escola Françoise Dolto, após o drama. O diário publica que o suposto autor das facadas, foi rapidamente imobilizado pelas forças de segurança no local do crime e levado para uma delegacia da cidade, onde foi interrogado. Le Figaro sublinha que o garoto havia sido suspenso duas vezes desde o início deste ano por perturbar as aulas, mas não tinha antecedentes criminais.
"Mélanie, morta por um aluno de 14 anos", diz o jornal Le Parisien em sua manchete junto a uma foto de arquivo da inspetora escolar vítima do ataque.
Para o diário, a violência traz novamente à tona o debate sobre o combate às armas brancas nos estabelecimentos de ensino da França. Segundo dados do governo, nos últimos dois meses, as revistas realizadas pela polícia militar em escolas resultaram na apreensão de 186 facas e 32 detenções provisórias.
Algumas horas após o ataque em Nogent, o primeiro-ministro francês, François Bayrou, anunciou a proibição da venda de armas brancas a jovens e sua intenção de instalar detectores de metais nas entradas das escolas do país.