Ação policial paralisa o Rio; civis são baleados
A Polícia Civil fluminense realizou na manhã desta terça-feira, 10, uma megaoperação no Complexo de Israel, zona norte do Rio de Janeiro. Com o objetivo de cumprir mandados de prisão e de busca e apreensão contra integrantes da facção criminosa Terceiro Comando Puro (T), a ação resultou em tiroteio que deixou um ageiro e um motorista, de dois ônibus diferentes, baleados na Linha Vermelha. Segundo a polícia, foram presos 20 suspeitos e apreendidos 8 fuzis, 2 pistolas, granadas e coquetéis molotov, além de drogas.
Segundo o Centro de Operações e Resiliência da Prefeitura do Rio (COR-Rio), a cidade entrou no estágio 2 (quando há risco de ocorrência de alto impacto) às 6h50 de ontem. A operação causou o fechamento de vias como Avenida Brasil e a Linha Vermelha, na altura de Vigário Geral, deixando o trânsito caótico.
Traficante peixão
Segundo a polícia, investigações da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), com apoio da Delegacia Antissequestro (DAS), da 22.ª DP (Penha) e da 33.ª DP (Realengo), revelaram uma organização criminosa altamente estruturada e armada, sob a liderança de Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como Peixão, um dos traficantes de drogas mais perigosos do Estado, conhecido por impor seu domínio com base no chamado "fundamentalismo evangélico".
Ainda de acordo com a Polícia Civil, a ação foi resultado de sete meses de "intensas investigações", que culminaram na identificação de 44 traficantes sem mandados anteriores, o que permitiu à polícia solicitar ordens judiciais. "A operação integra uma série de ações da instituição voltadas ao desmantelamento da estrutura criminosa do T na região", afirmou a polícia fluminense.
De acordo com a corporação, o grupo criminoso atua nas comunidades de Vigário Geral, Parada de Lucas, Cidade Alta, Cinco Bocas e Pica-Pau. Sob o comando direto de Peixão, "o T promove a intimidação sistemática de moradores, expulsão de rivais, ataques a agentes de segurança e ações coordenadas para impedir operações policiais".
A polícia também afirma ter identificado um grupo responsável pelo monitoramento de viaturas, queima de ônibus e organização de protestos simulados com o objetivo de obstruir o trabalho policial. "A facção impõe seu domínio com o uso de barricadas, drones para monitoramento das forças de segurança, toque de recolher e monopólio de serviços públicos, além de promover intolerância religiosa", diz.
Foi apurada, ainda, a existência de um núcleo dentro da organização especializado na tentativa de abate de aeronaves policiais, que seria composto por criminosos com armamento pesado e treinamento específico.
Baleados
Ao Estadão, Rebecca Wellen, advogada das empresas de ônibus Novanil e Evanil, o motorista do ônibus da linha 405T - Nova Iguaçu-Barra da Tijuca, da Novanil, estava dentro do coletivo quando foi atingido por um disparo, por volta das 6h30, na Avenida Brasil, perto da Linha Vermelha. Ele foi levado ao Hospital Municipal Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias.
"Infelizmente, nosso colaborador, o motorista Marcelo Silva Marques, foi ferido por uma bala perdida que o atingiu no ombro. O motorista já foi encaminhado ao centro cirúrgico para a retirada do projétil, conforme boletim médico. Seu estado de saúde é estável", informou na manhã de ontem, por meio de nota.
Em outro ônibus, da Linha 442B (Cabuçu-Central), o ageiro Manoel Américo da Silva também ficou ferido. Ele foi atingido por uma bala perdida no ombro esquerdo quando estava dentro do coletivo, da empresa Evanil. Encaminhado para o Hospital Geral de Nova Iguaçu (Hospital da Posse), ele permaneceu ontem internado em estado estável.
Sobre os transtornos causados pela operação, o secretário de Estado de Polícia Civil, delegado Felipe Curi, disse que "os causadores destes ataques que interferem na rotina da população são esses narcoterroristas, que atiram deliberadamente contra trabalhadores, em vias de grande circulação, a fim de cessar as ações das forças de segurança".
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.