China e Estados Unidos iniciam negociações em sigilo sobre guerra comercial
Estados Unidos e China iniciaram, nesta segunda-feira (9), uma nova rodada de negociações em absoluto sigilo, em Londres, na esperança de superar suas diferenças comerciais. O encontro entre as duas principais economias do mundo é acompanhado de perto pelos mercados. Analistas acreditam que ele será menos frutífero do que o ocorrido na Suíça, há um mês, quando Pequim e Washington reduziram significativamente suas respectivas tarifas de importação por 90 dias.
A delegação americana é composta pelo secretário do Tesouro, Scott Bessent, o secretário do Comércio, Howard Lutnick, e o representante comercial da Casa Branca, Jamieson Greer.
"O vice-primeiro-ministro He Lifeng (...) iniciou a primeira reunião sobre o mecanismo de consulta comercial com os EUA em Londres", informou a agência de notícias oficial Xinhua, no início da tarde.
Os dois lados se recusaram a fornecer qualquer informação sobre o andamento das negociações, que ocorrem no Palácio de Lancaster House, no centro de Londres.
O encontro foi precedido de uma conversa telefônica, na quinta-feira (5), entre os presidentes dos EUA e da China, descrita como "muito positiva" por Donald Trump. Xi Jinping pediu ao republicano que "endireitasse a trajetória do grande navio das relações sino-americanas", segundo a imprensa chinesa.
O encontro ocorre após um aumento repentino na tensão, na semana ada, quando Trump acusou Pequim de não respeitar os termos do acordo assinado em Genebra. "Queremos que a China implemente a sua parte do acordo. É o que nossa equipe pretende discutir" em Londres, insistiu a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, à Fox News, no domingo.
As transações comerciais envolvendo terras raras devem ser uma questão-chave nas negociações. Essas matérias-primas são cruciais para uma ampla gama de produtos, incluindo baterias para veículos elétricos.
A China pede que "os Estados Unidos reconsiderem as restrições à imigração de estudantes, as limitações ao o a tecnologias avançadas, especialmente microprocessadores, e facilitem o o de fornecedores de tecnologia chineses aos consumidores americanos", acrescentou Leavitt.
Na Suíça, Washington concordou em reduzir as tarifas sobre produtos chineses de 145% para 30%, em troca de uma medida semelhante de Pequim, de 125% para 10% sobre produtos americanos, por 90 dias.
Comércio desacelerado
China e EUA interromperam temporariamente a escalada de tarifas alfandegárias lançada no início de abril por Donald Trump e que diminuiu significativamente o ritmo de suas trocas comerciais.
As exportações chinesas para os Estados Unidos caíram 12,7% em maio em comparação com abril, de acordo com estatísticas oficiais divulgadas nesta segunda-feira, para US$ 28,8 bilhões (€ 25,2 bilhões), ante US$ 33 bilhões (€ 29 bilhões).
Enquanto trabalha para normalizar as relações com Washington, o governo chinês tem se envolvido em discussões com outros parceiros para formar uma frente comum contra os Estados Unidos, incluindo países asiáticos, liderados pelo Japão e pela Coreia do Sul.
Pequim ofereceu à União Europeia um "canal verde" para facilitar as exportações de terras raras para o bloco. Uma cúpula UE-China acontecerá em julho.
(Com AFP)