Seis meses após queda de antigo regime na Síria, grupos pró-Assad ameaçam estabilidade do país
Na Síria, seis meses após a queda do presidente Bashar al-Assad, grupos leais ao antigo regime continuam a ameaçar a estabilidade do país e a apelar à contrainsurgência armada. No final de maio, o ex-comandante da Quarta Divisão do regime ameaçou, em um vídeo, retornar à ocupação da costa, onde a maioria desses combatentes está escondida. Em terra, ataques contra a segurança geral do novo governo e contra ativistas são frequentes.
Da correspondente especial da RFI em Latakia, Manon Chapelain
Ahmad, membro do serviço de segurança geral, pega seu fusil AK-47 e olha ao redor, preocupado. Ao longe, tiros ecoam pelas montanhas alauítas (grupo étnico-religioso do Oriente Médio). Esses sons abafados se tornaram uma ocorrência diária desde que este posto de controle foi instalado na entrada da aldeia natal do clã Assad.
"Esses são os leais ao clã Assad. Eles são a maior ameaça hoje, há muitos escondidos na região. Esses tiros são frequentes. Eles têm como alvo civis e postos de controle", explica Ahmad.
Desde a queda do regime de Bashar al-Assad, centenas deles estão preparando uma contrainsurgência.
Perto da costa, eles se escondem nas montanhas, em fazendas e em casas. "Temos um serviço de inteligência trabalhando ativamente para procurá-los e rastrear seus movimentos", continua Ahmad. "Fazemos buscas regulares na área e, a cada dois ou três dias, encontramos um esconderijo de armas. Porque, sim, eles têm muitas armas", destaca.
Segundo Ahmad, 40 membros do Serviço de Segurança Geral foram mortos em Qardaha nos últimos meses.
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Nada e Walid são jornalistas e alauítas. Esses opositores de longa data do regime de Bashar al-Assad já foram vítimas de dez tentativas de assassinato: "Tentaram me matar aqui há um mês. Atiraram na direção do meu escritório e eu caí no chão. Então, o Serviço de Segurança Geral chegou. Também filmaram minha casa e postaram meu endereço online. Desde então, estou com medo", confidencia Nada.
De repente, do outro lado da parede do escritório, há uma explosão e, em seguida, tiros. "Apague a luz", diz Walid. O rosto de Nada se contrai, ela fica lívida. "Esconda-se", sussurra para Walid. "Talvez eles estejam vindo atrás de nós de novo", teme.