Entenda como a luta de Taylor Swift para controlar seu catálogo transforma a indústria musical
A estrela pop americana Taylor Swift causou grande impacto no mundo da música ao anunciar que finalmente conseguiu adquirir os direitos sobre os seus seis primeiros álbuns, incluindo os videoclipes e os filmes de turnê associados a eles. A medida, tanto um ato militante quanto de economia, ilustra uma profunda mudança no equilíbrio de poder entre artistas e gravadoras.
Após seis anos de disputa e negociações, Taylor Swift ou a ter controle total sobre o próprio catálogo artístico. A notícia foi divulgada pela própria cantora por meio de uma nota publicada na última sexta-feira (30).
A indústria da música, que movimentou 30 bilhões de dólares no ano ado, se baseia há décadas em um desequilíbrio estrutural: em troca do financiamento de sua produção, os artistas frequentemente transferem as masters ? as gravações originais de suas faixas ? para as gravadoras. No entanto, explica Stéphane Geneste, da RFI, são justamente essas masters que geram a maior parte da receita: vendas, streaming, veiculações em anúncios ou filmes. A cada lançamento, é o detentor dos direitos que arrecada, sendo raramente o artista.
Pioneira de um novo modelo
Tudo mudou para Taylor Swift em 2019. Quando o seu contrato com a antiga gravadora terminou, ela descobriu que as suas masters haviam sido revendidas sem o seu consentimento. Em resposta, ela decidiu regravar as suas faixas antigas, uma estratégia possível pelo fato de ainda deter os direitos autorais (letras e melodias).
Como resultado, as novas versões obtiveram sucesso comercial e, gradualmente, eclipsaram as originais, gerando novas receitas sob o seu controle. Porém, essa solução teve um custo: regravar álbuns exige recursos significativos. É por isso que, paralelamente, Taylor Swift optou por outra estratégia mais radical: recomprar os direitos de seus primeiros álbuns. Foi uma operação cara ? estimativas apontam para centenas de milhões de dólares ?, mas que lhe garantiu controle total sobre a sua obra.
Rumo à emancipação econômica dos artistas
O caso de Taylor Swift não é isolado. Em 2022, Kanye West também comprou as suas masters da gravadora Universal com um empréstimo de US$ 100 milhões. Outros, como Paul McCartney, não conseguiram impedir a venda de seus catálogos. Esse movimento revela uma conscientização crescente entre os artistas: a propriedade intelectual de suas obras é uma alavanca para a independência artística e um importante ativo econômico.
No futuro, a questão dos direitos autorais poderá surgir a partir da dos primeiros contratos. Esse desenvolvimento poderá reordenar profundamente a indústria musical.
(Com RFI)