China rejeita acusação dos Estados Unidos de ter violado acordo sobre tarifas

A China afirmou nesta segunda-feira (2) que "rejeita firmemente" a acusação dos Estados Unidos de que teria violado um acordo para reduzir as tarifas entre as duas potências, enquanto Washington espera que um diálogo entre os presidentes dos dois países resolva as tensões comerciais.
Trump provocou a retomada da disputa tarifária com a China na sexta-feira ao acusar Pequim de não respeitar os termos do acordo de distensão negociado em 12 de maio em Genebra, mas a China rejeitou a versão.
Washington "fez acusações falsas e acusou sem cabimento a China de violar o consenso, o que é seriamente contrário aos fatos", afirmou o Ministério do Comércio chinês em um comunicado.
"A China rejeita firmemente as acusações sem cabimento", acrescentou a nota.
O acordo de Genebra permitiu suspender temporariamente a tensão comercial, que havia elevado as tarifas sobre os produtos americanos a 125% e sobre os produtos chineses a 145%.
Após dois dias de reuniões, as duas potências concordaram em reduzir temporariamente suas tarifas para 30% e 10%, respectivamente.
Mas Trump acusou a China de ter "violado totalmente" o acordo.
O ministério chinês afirmou que Washington "conseguiu introduzir uma série de medidas restritivas discriminatórias contra a China", citando os controles sobre a exportação de semicondutores de inteligência artificial e a revogação de vistos para estudantes chineses nos Estados Unidos.
"Pedimos aos Estados Unidos que alcancem um acordo com a China, corrijam suas ações equivocadas e mantenham o consenso conjunto das negociações comerciais de Genebra", acrescentou o ministério.
- Reunião Trump-Xi -
"A China está retendo produtos essenciais para a cadeia de suprimentos da Índia e da Europa, e isso não é o que faz um parceiro comercial confiável. Confio em que quando o presidente Trump e o presidente do Partido Comunista, Xi Jinping, se comuniquem, isto possa ser resolvido", afirmou o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, em entrevista à emissora CBS.
Segundo o Wall Street Journal, o problema se deve à lentidão da China para conceder novas licenças de exportação de terras raras e outros componentes necessários para semicondutores e automóveis.
"O fato de a China estar retendo alguns dos produtos que concordou em fornecer em nosso acordo, pode se dever a uma falha no sistema chinês ou, talvez, seja internacional. Vamos ver o que acontece" após a reunião entre Trump e Xi, acrescentou Bessent, referindo-se ao tema das terras raras.
Perguntado quando o diálogo poderia ocorrer, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos respondeu: "Penso que veremos algo muito em breve".
Em entrevista à rede ABC, também neste domingo, Kevin Hassett, principal assessor econômico da Casa Branca, sugeriu que o contato direto entre os dois presidentes poderia ocorrer "esta semana".
"Acho que (a China) simplesmente está tomado tempo para implementar o acordo (...) Estamos tomando certas medidas para demostrar-lhes nossa opinião a respeito", disse, por sua vez, o secretário do Comércio, Howard Lutnick, em outra entrevista televisionada.
"Nosso presidente sabe o que tem que fazer e vai encontrar uma solução, estou certo disso", acrescentou.
Na quarta-feira, o Tribunal de Comércio Internacional dos Estados Unidos bloqueou as tarifas "recíprocas" de pelo menos 10% reivindicadas por Trump, assim como as impostas ao Canadá, ao México e à China no âmbito da guerra contra o fentanil, considerando que só o Congresso teria faculdades para fazê-lo.
Na decisão, à qual a AFP teve o, os juízes entenderam que o presidente não poderia invocar a Lei de Resposta Econômica de Emergência de 1977 (IEEPA) para impor, mediante decreto, "uma sobretaxa ilimitada a produtos de praticamente qualquer país".
Uma corte de apelações, à qual o governo recorreu, bloqueou esta resolução, à espera de uma decisão sobre o fundo da questão.
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