Centavos de euros: reciclar latinha ou plástico pode dar dinheiro na Europa

Em 17 países europeus, juntar latinhas e garrafas pode ser uma forma fácil de ganhar dinheiro. Isso acontece graças a um sistema de reciclagem instalado em grandes estabelecimentos, como supermercados e postos de gasolina.
O Deposit Return Scheme, ou Esquema de Depósito e Retorno, faz parte da lei nas nações em que já existe — e mesmo naquelas que ainda não aderiram, já existe discussões para adotá-lo, segundo levantamento da Sensoneo, empresa eslovaca de gestão de resíduos.
Como funciona o sistema
Os tipos de materiais aceitos variam um pouco de país para país, assim como os estabelecimentos que são creditados como ponto de arrecadação.
Mas, em geral:
O cliente leva latinhas e garrafas até o comércio creditado. Neles, estão máquinas em que o cliente insere as embalagens.
Para valer dinheiro, a embalagem tem que ter um selo que valida sua capacidade de ser reciclada.
Os materiais mais aceitos são alumínio e plástico. Embalagens de vidro não são aceitas na maior parte dos países, mas há exceções, como a Alemanha.
Na Holanda, supermercados com mais de 200 m² e postos de gasolina em rodovias são obrigados a ter pontos de coleta. Já cinemas e clubes esportivos podem se inscrever voluntariamente para também recolher os materiais.
Na Irlanda, as máquinas estão instaladas em grandes redes de supermercado, como Aldi e Lidl. O cliente pode inserir apenas latinhas de alumínio ou garrafas de plástico —vidro e caixas de papel são proibidas. As únicas embalagens que rendem dinheiro são as que têm o selo da Re-turn, organização ambiental de Dublin que lidera o movimento ao lado do governo.
Depois que todos os itens recicláveis são depositados —e validados—, o doador recebe um voucher impresso, que deve ser levado até um guichê na mesma loja em que os itens foram devolvidos. O valor acumulado pode ser retirado em dinheiro ou em desconto nas compras.
Quanto vale cada reciclável?
A tabela de preço segue um padrão adotado em outros países, como a Holanda: cada latinha e garrafa com capacidade entre 150 e 500 ml vale 15 centavos de euro. Para garrafas plásticas maiores, o valor sobe para 25 centavos.
"O DRS tem como objetivo reduzir o lixo, aumentar a quantidade e qualidade da reciclagem e promover uma economia circular, garantindo que materiais úteis sejam recuperados e reutilizados, em um ciclo fechado", detalha o site da TOMRA, empresa norueguesa de reciclagem que é referência na área.
A ideia, ainda segundo a organização, é transformar a reciclagem em um "instrumento econômico legislado" pelo poder público.
O valor devolvido na devolução da embalagem faz parte do preço visto nas prateleiras, mas ao contrário de outros impostos, é restituído quando há a devolução.
Sistema existe desde os anos 1990 e alcança taxas acima de 90%
Apesar de estar em plena expansão —com a expectativa de chegar ao Reino Unido em 2027—, o sistema não é novidade em alguns países. Ele entrou em vigor em 1996 na Finlândia, em 2002 na Dinamarca; em 2003 na Alemanha e em 2006 na Holanda.
O objetivo é recolher 90% dos retornáveis. Para se ter ideia, em média, o mercado local da Holanda vende 600 milhões de garrafas de água grandes, 900 milhões de garrafas pequenas e 2,5 bilhões de latas ao ano, segundo dados do governo entregues a sites locais, como o NL Times.
A estimativa em 2021 era que cem das 900 milhões de garrafinhas iam parar no meio ambiente. Isso fez com que, em julho daquele ano, o poder público decidisse expandir seu sistema para incluir as embalagens menores, por 15 centavos de euros cada uma.
E em 2023, as latinhas também entraram no sistema. Na época, a estimativa era de que ao menos 150 milhões delas tinham um descarte inadequado a cada ano.
Segundo levantamento da Sensoneo, empresa eslovaca de gestão de resíduos, a Holanda não está entre os países mais bem-sucedidos na implementação do DRS, levando as garrafas pet como base de comparação.
O top 3 é formado por Alemanha, Finlândia e Dinamarca. No primeiro, a taxa de devolução das garrafas é de 98%; na Finlândia é de 97%; já na Dinamarca é de 93%.
A Holanda tem apenas 70% de sucesso e a Irlanda, que aderiu à tendência apenas no ano ado, ainda não tem dados disponíveis.
Países como Bulgária, Itália e Bélgica não têm legislação sobre o assunto. E outros, como Grécia e Romênia, já aprovaram projetos sobre o tema, mas ainda não têm dados sobre sua aplicação.