É exagero associar escassez de mão de obra ao Bolsa Família, diz professor do Insper
O professor titular de Economia na cátedra Fundação Lemann do Insper, Rodrigo Soares, avaliou nesta terça-feira, 27, que os programas sociais, como o Bolsa Família, e o envelhecimento da população não são as principais causas da escassez de mão de obra apontada por alguns setores da economia.
Durante debate realizado nesta terça pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Soares observou que há evidências de que os programas de transferência de renda - entre eles, o Bolsa Família - contribuem para que seus beneficiários entrem no mercado de trabalho informal, para não deixarem de receber os pagamentos, ou, o que é menos comum, deixem de procurar emprego.
Esses efeitos são, porém, muito pequenos na oferta de mão de obra, sendo que, apontou o professor, a injeção desses recursos normalmente tem um choque positivo em municípios mais pobres, ampliando a demanda local e, consequentemente, a geração de mais empregos formais. "Conectar isso ao problema de escassez de mão de obra nos grandes centros urbanos seria um exagero", disse Soares na Fiesp.
Já em relação às mudanças demográficas, ele avalia que o envelhecimento da população também não pode ser apontado como uma causa da escassez de mão de obra em certos setores. O professor observou que mais pessoas voltaram ao mercado de trabalho no pós-pandemia. Ele ponderou, contudo, que este será um desafio para o futuro. "Isso o envelhecimento vai ser um problema, mas ainda não me parece ser um problema neste momento", comentou.