Trump faz ameaça ao Irã por acordo nuclear: 'Antes que seja tarde demais'

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu nesta sexta-feira que o Irã faça um acordo sobre seu programa nuclear, dizendo que ainda há tempo para o país evitar mais conflito com Israel.
O que aconteceu
Trump afirmou que o Irã deve fechar o acordo para que o "massacre" acabe. "Já houve grande morte e destruição, mas ainda há tempo para que esse massacre, com os próximos ataques já planejados sendo ainda mais brutais, chegue ao fim", disse Trump em publicação no Truth Social.
O presidente dos EUA chegou a escrever em tom ameaçador: "Chega de morte, chega de destruição, simplesmente façam, antes que seja tarde demais".
Israel lançou ataques contra o Irã na noite de ontem, em uma operação para impedir Teerã de construir uma arma nuclear. Os alvos eram instalações nucleares, fábricas de mísseis balísticos e comandantes militares.
Em entrevista à ABC News, Trump afirmou que o ataque foi "excelente". "Demos a eles uma chance e eles não a aproveitaram. Eles foram atingidos com força, muita força...E há mais por vir. Muito mais", disse Trump, citado por um repórter da ABC no X.
De acordo com o presidente dos EUA, foi dado ao Irã um ultimato de 60 dias para um acordo nuclear antes dos ataques de Israel. "Há dois meses, dei ao Irã um ultimato de 60 dias para 'fechar um acordo'. Eles deveriam ter feito isso! Hoje é o 61º dia. Eu disse a eles o que fazer, mas eles simplesmente não conseguiram. Agora eles têm, talvez, uma segunda chance!", afirmou Trump em uma publicação no Truth Social.
O chefe da Guarda Revolucionária do Irã, o general Hossein Salami, e o chefe das Forças Armadas, general Mohammad Bagheri, foram mortos durante o ataque. O Irã também confirmou as mortes dos cientistas nucleares Mohammad Mehdi Tehranchi e Fereydoon Abbasi.
Irã afirmou que o ataque israelense foi uma "declaração de guerra". Em uma carta dirigida às Nações Unidas, o ministro das Relações Exteriores, Abbas Araghchi, "pediu ao Conselho de Segurança que aborde o tema de maneira imediata", informou a pasta.
Na madrugada de hoje, Israel afirmou que completou o "ataque inicial" contra o Irã, sem detalhar se fará novas fases. As FDI (Forças de Defesa de Israel) afirmaram que a operação, nomeada de "Leão em Ascensão", foi contra "dezena de alvos militares" e instalações nucleares relacionados ao programa nuclear do Irã.
"As FDI estão prontas para continuar a agir conforme necessário", disseram. Eles alegam que o Irã teria urânio enriquecido para fazer 15 bombas nucleares em poucos dias e precisaram atuar contra a "ameaça iminente". "Armas de destruição em massa nas mãos do regime iraniano representam uma ameaça existencial a Israel e uma ameaça significativa ao mundo em geral. Israel não permitirá."
Acordo nuclear
Tanto os Estados Unidos quanto Israel e várias potências ocidentais acusam há anos o Irã de tentar obter a bomba atômica. Teerã nega categoricamente, alegando que seu programa nuclear tem fins exclusivamente civis.
No início do mês, os EUA enviaram uma proposta de acordo sobre o programa nuclear de Teerã. Segundo o New York Times, a proposta pede que o Irã interrompa completamente o enriquecimento de urânio e propõe a criação de um grupo regional para produzir energia nuclear, que incluiria Irã, Arábia Saudita e outros países árabes, além dos Estados Unidos.
Irã afirmou que os ataques israelenses justificam sua intenção de enriquecer urânio. "Não se deve falar com um regime tão predador, exceto com a linguagem da força", afirmou o governo iraniano em um comunicado. "O mundo agora entende melhor a insistência do Irã em seu direito de enriquecer (urânio), à tecnologia nuclear e ao poder dos mísseis".
O Irã e os EUA buscam substituir o acordo histórico de 2015 entre Teerã e potências mundiais, que estabeleceu restrições às atividades nucleares do Irã em troca do alívio das sanções à sua economia. Em 2018, os Estados Unidos se retiraram unilateralmente do acordo, durante o primeiro mandato de Donald Trump.
(Com AFP e Reuters)