Reação do Irã "não terá limites" após ataque de Israel, alertam Forças Armadas
As Forças Armadas do Irã afirmaram nesta sexta-feira (13) que "não terão limites" em sua resposta a Israel após os ataques contra a capital, Teerã, e várias cidades do país. Israel lançou ataques contra o território iraniano na madrugada desta sexta-feira, pelo horário local, atingindo alvos nucleares e de fabricação de mísseis balísticos.
Com Henry Galski, correspondente da RFI em Israel
Uma sirene tocou em todo o Estado de Israel para avisar à população que o país entra agora num estado "especial", segundo definiu o ministro da Defesa Israel Katz. Duzentos aviões de combate israelenses atingiram mais de cem alvos em território iraniano na operação chamada "Leão Crescente".
Além dos amplos ataques da Força Aérea Israelense, o Mossad, o serviço secreto de Israel, conduziu uma série de operações secretas no Irã. Essas operações tiveram como objetivo atingir o sistema de mísseis balísticos e suas capacidades de defesa aérea. O ministro das Relações Exteriores, Gideon Sa'ar, está conversando com aliados ao redor do mundo para explicar "a decisão de acabar com a ameaça iraniana".
Segundo o Irã, os ataques mataram o chefe da Guarda Revolucionária, Hossein Salami, e o comandante Gholam Ali Rashid, além de seis cientistas nucleares. O comandante do Estado-Maior do Exército, Mohamed Bagheri, também morreu no ataque, segundo a televisão estatal.
"Agora que o regime terrorista que ocupa Al Quds (Jerusalém) cruzou todas as linhas vermelhas, não há limites na resposta a este crime", afirmou o Estado-Maior do Exército em um comunicado.
O governo iraniano afirmou que os ataques israelenses justificam sua necessidade de avançar no enriquecimento de urânio e potencializar suas capacidades de mísseis.
"As Forças Armadas certamente vão responder a este ataque sionista", declarou Abolfazl Shekarchi, porta-voz do Estado-Maior iraniano. "O mundo agora entende melhor a insistência do Irã em seu direito de enriquecer urânio, à tecnologia nuclear e ao poder dos mísseis", afirmou a República Islâmica.
"Partimos para a ofensiva porque a hora havia chegado, chegamos a um ponto sem retorno. A história, tanto distante quanto recente, nos ensinou que, diante das ambições de nos destruir, não devemos abaixar a cabeça. Aviso que qualquer um que tentar nos desafiar pagará um preço alto", reagiu o chefe do Estado-Maior de Israel, Eyal Zamir.
Algumas horas após os primeiros ataques, o Exército israelense informou que tentava interceptar "cerca de 100 drones" lançados pelo Irã em direção ao território israelense.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o presidente Isaac Herzog foram transferidos para locais protegidos.
As instalações nucleares de Natanz foram atingidas durante a ofensiva. O Irã fechou seu espaço aéreo em várias regiões, incluindo a capital, Teerã, após os bombardeios.
Israel fechou seu espaço aéreo e a Jordânia anunciou que adotaria a mesma medida.
Preço do petróleo dispara
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que os ataques tiveram "sucesso" e vão continuar "tantos dias quanto for necessário".
"Realizamos um ataque inicial com sucesso e, com a ajuda de Deus, alcançaremos muito mais", disse Netanyahu. "Atingimos o alto comando, atingimos cientistas de alto nível que impulsionam o desenvolvimento de bombas atômicas, atingimos instalações nucleares", acrescentou.
O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, ameaçou "eliminar" aqueles que tentam destruir o país, depois que os ataques israelenses contra o Irã.
"O alvo preciso dos comandantes seniores da Guarda Revolucionária (o exército ideológico da República Islâmica), do exército iraniano e dos cientistas nucleares, todos envolvidos no avanço do plano para destruir Israel, envia uma mensagem forte e clara: aqueles que trabalham para destruir Israel serão eliminados", disse Katz em um comunicado. O Irã "pagará um preço cada vez mais alto ao continuar com suas ações agressivas" contra Israel, acrescentou.
A operação em curso ocorre em coordenação com os Estados Unidos, segundo autoridades israelenses, embora os EUA neguem ter tido qualquer participação nos ataques.
Os preços do petróleo dispararam mais de 12% após os bombardeios, ocorridos depois que o presidente americano Donald Trump ordenou a retirada de pessoal americano no Oriente Médio pelo risco de um ataque iraniano.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu "moderação" após os ataques, e o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, mencionou uma "redução urgente das tensões".
"O ataque a Natanz não provocou uma contaminação nuclear até agora", indicou a agência oficial de notícias IRNA, que citou o vice-comandante de polícia da província de Isfahan. Até o momento, não foram relatadas mortes no ataque.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, convocou uma reunião de seu Conselho de Segurança Nacional para esta sexta-feira após a ação israelense, e seu secretário de Estado, Marco Rubio, alertou o Irã para não atacar bases dos Estados Unidos no Oriente Médio.
(Com AFP)