Taxas dos DIs fecham perto da estabilidade após dólar perder força ante o real
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - Depois de registrarem ganhos firmes pela manhã, em meio aos avanços dos rendimentos dos Treasuries e do petróleo após o ataque de Israel ao Irã, as taxas dos DIs fecharam esta sexta-feira próximas da estabilidade no Brasil, acompanhando a perda de força do dólar ante o real.
No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2026 estava em 14,845%, ante o ajuste de 14,861% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2027 marcava 14,18%, ante o ajuste de 14,216%.
Entre os contratos longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 13,71%, ante 13,709% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 13,77%, ante 13,771%.
Os mercados globais abriram esta sexta-feira com a notícia de que Israel havia lançado ataques em larga escala contra o Irã, tendo como alvo instalações nucleares, fábricas de mísseis balísticos e comandantes militares. O Irã disparou mísseis contra Israel em retaliação.
O novo foco de conflito deu força ao petróleo, que chegou a subir quase 9% pela manhã, em meio às preocupações de que o Estreito de Ormuz -- importante rota marítima de escoamento da commodity, entre o Golfo Pérsico e o Golfo de Omã -- possa ser afetado.
No mercado de Treasuries, o efeito foi de alta firme dos rendimentos, com investidores ponderando os impactos da escalada do petróleo sobre a inflação nos Estados Unidos.
No Brasil, os avanços dos Treasuries e do petróleo deram força às taxas dos DIs. Às 10h01, a taxa do vencimento para janeiro de 2027 atingiu a máxima de 14,295%, em alta de 8 pontos-base ante o ajuste da véspera. Perto deste horário, o dólar à vista também estava na máxima ante o real, perto dos R$5,60.
Mas a perda de força do dólar no Brasil, com alguns agentes aproveitando as cotações mais elevadas para vender moeda antes do fim de semana, tirou força da curva a termo brasileira, ponderou um operador da mesa de renda fixa de um banco de investimentos ouvido pela Reuters.
Segundo ele, a disparada do petróleo -- que também afeta a inflação brasileira -- sugeria taxas futuras mais altas, mas o dólar trazia alívio para a curva. Já na reta final as taxas de alguns vencimentos, como o janeiro de 2027, aram a registrar leves perdas.
Internamente, as discussões em torno das medidas fiscais do governo Lula, que movimentaram os mercados durante a semana, ficaram em segundo plano.
Na noite de quinta-feira, o Ministério da Fazenda informou que as medidas que buscam atacar as despesas, incluídas na medida provisória para compensar as mudanças no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), vão gerar uma economia de R$4,3 bilhões em 2025 e de R$10,7 bilhões em 2026. Anteriormente, o ministério já havia informado que as mudanças tributárias sugeridas podem elevar a arrecadação em R$10,5 bilhões em 2025 e em R$20,9 bilhões em 2026.
Na manhã desta sexta-feira, a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda publicou estudo mostrando que os 0,01% brasileiros mais ricos pagam atualmente alíquota efetiva média de 5,67% de Imposto de Renda, abaixo de pessoas com renda menor. O ministério defendeu a aprovação da reforma proposta pelo governo para reduzir a regressividade tributária.
Na quinta-feira -- atualização mais recente -- a precificação das opções de Copom negociadas na B3 indicava 62,50% de chances de alta de 25 pontos-base da Selic na próxima semana, contra 36,00% de probabilidade de manutenção. Na véspera, os percentuais eram de 63,50% e 35,00%, respectivamente. Atualmente a Selic está em 14,75% ao ano.
No exterior, os yields seguiam em alta firme no fim da tarde. Às 16h42 -- já após as notícias de retaliação do Irã contra Israel -- o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- subia 6 pontos-base, a 4,413%.