Ataques entre Israel e Irã repercutem entre líderes: 'escalada perigosa'

O Irã lançou cerca de 100 drones contra o território de Israel após o Exército Israelense matar dois altos comandantes iranianos durante bombardeios na noite de ontem. A maioria dos países e organizações mundiais pediu a contenção e desescalada das ofensivas.
Veja reação do mundo
A ONU pediu à ''moderação máxima'' à Israel e ao Irã. O secretário-geral da Organização, António Guterres, condenou "qualquer escalada militar no Oriente Médio" e disse estar "particularmente preocupado" com os ataques isralenses às instalações nucleares iranianas, segundo um de seus porta-vozes.
O presidente dos EUA, Donald Trump, fez ameaça ao Irã por um acordo sobre seu programa nuclear. Segundo Israel, os ataques de ontem foram para impedir Teerã de construir uma arma nuclear e os alvos teriam sido instalações nucleares. ''Chega de morte, chega de destruição, simplesmente façam, antes que seja tarde demais'', escreveu nas redes sociais.
Já a Agência Internacional de Energia Atômica condenou Israel por ter atacado instalações nucleares. "Qualquer ação militar que coloque em risco a segurança de instalações nucleares tem consequências graves para o povo do Irã, da região e de outras partes", afirmou o diretor-geral Rafael Grossi, apelando a "todas as partes que exerçam a máxima contenção para evitar uma nova escalada".
A Arábia Saudita condenou ''as flagrantes agressões israelenses''. O Ministério das Relações Exteriores disse que os ataques minam a soberania e segurança de um ''país irmão'', além de constituir uma flagrante violação das leis e normas internacionais.
A Jordânia afirmou que não autorizará nenhuma violação de espaço aéreo em caso de conflito. O país faz fronteira com Israel. Por isso, autoridade nacional de aviação anunciou o fechamento de seu espaço aéreo e a paralisação de todas as aeronaves como precaução.
O Omã descreveu os ataques como uma ''escalada perigosa''. O país atua como mediador entre os Estados Unidos e o Irã nas negociações sobre o programa nuclear de Teerã. Assim, entende que os últimos movimentos ameaçam soluções diplomáticas e colocam em risco a segurança da região.
''Israel desrespeita as regras'', diz o presidente turco Recep Tayyip Erdo?an. ''O governo Netanyahu está tentando arrastar nossa região e o mundo inteiro para o desastre com suas ações imprudentes, agressivas e ilegais'', falou pelo X.
A União Europeia chamou a situação que se desencadeia de ''perigosa''. O chefe de Governo alemão, Friedrich Merz, pediu aos lados que evitem qualquer coisa que possa ''desestabilizar toda a região'', mas enfatizou o direito de Israel de ''se defender''.
Rússia também desaprovou os ataques. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, citado por agências de notícias russas, acrescentou que o presidente Vladimir Putin está sendo "informado em tempo real" sobre os acontecimentos.
A China disse estar preocupada com as ''graves consequências que esta iniciativa pode ter''. Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores falou ainda que o país se opõe a "qualquer violação da soberania, segurança e integridade territorial do Irã".
Israel atacou o Irã na noite de ontem
Ataque de Israel matou os chefes das Forças Armadas e da Guarda Revolucionária do Irã. As mortes dos generais Mohammad Bagheri e Hossein Salami foram confirmadas pela TV estatal do Irã. A Guarda Revolucionária iraniana, que era liderada por Salami, é o grupo mais poderoso no Exército do país e foi criada depois da Revolução Islâmica de 1979. O Irã também confirmou as mortes dos cientistas nucleares Mohammad Mehdi Tehranchi e Fereydoon Abbasi.
Israel disse na madrugada de hoje (horário local) que completou o "ataque inicial" contra o Irã, sem detalhar se fará novas fases. As FDI (Forças de Defesa de Israel) afirmaram que a operação, nomeada de "Leão em Ascensão", foi contra "dezena de alvos militares" e instalações nucleares relacionados ao programa nuclear do Irã.
"As FDI estão prontas para continuar a agir conforme necessário", disseram. Eles alegam que o Irã teria urânio enriquecido para fazer 15 bombas nucleares em poucos dias e precisaram atuar contra a "ameaça iminente". "Armas de destruição em massa nas mãos do regime iraniano representam uma ameaça existencial a Israel e uma ameaça significativa ao mundo em geral. Israel não permitirá."
Hoje, Irã realizou ataque em resposta. "O Irã lançou aproximadamente 100 drones contra o território israelense, que tentamos interceptar", disse o militar Effie Defrin a jornalistas. O porta-voz acrescentou que Israel mobilizou 200 aviões de combate para bombardear quase 100 alvos em seus ataques contra o seu inimigo.
O líder supremo do Irá, aiatolá Ali Khamenei, havia prometido vingança horas antes. "O regime sionista revelou sua natureza vil e lançou nesta manhã sua mão perversa e sangrenta em um crime contra o Irã. Com este ataque, o regime sionista preparou um destino amargo e doloroso para si mesmo, que certamente receberá", disse Khamenei.
*Com informações da AFP