Exportações da China desaceleram em maio, deflação se aprofunda em meio a tarifas
Por Yukun Zhang e Qiaoyi Li e Ellen Zhang e Ryan Woo
PEQUIM (Reuters) - O crescimento das exportações da China desacelerou em maio para o nível mais baixo em três meses uma vez que as tarifas dos Estados Unidos afetaram os embarques, enquanto a deflação ao produtor se aprofundou para seu pior nível em dois anos, aumentando a pressão sobre a segunda maior economia do mundo tanto na frente interna quanto externa.
Nos últimos dois meses, a guerra comercial global do presidente dos EUA, Donald Trump, e as oscilações nos laços comerciais entre a China e os EUA levaram os exportadores chineses, juntamente com seus parceiros comerciais em todo o Pacífico, a uma montanha-russa e prejudicaram o crescimento mundial.
Ressaltando o impacto das tarifas dos EUA sobre as remessas, dados alfandegários mostraram que as exportações da China para os EUA caíram 34,5% em maio em termos de valor, a maior queda desde fevereiro de 2020, quando o surto da pandemia de Covid-19 afetou o comércio global.
As exportações totais do gigante econômico asiático aumentaram 4,8% no mês ado em comparação com o mesmo período do ano anterior em termos de valor, desacelerando em relação ao salto de 8,1% em abril e abaixo do crescimento de 5,0% esperado em uma pesquisa da Reuters, mostraram dados alfandegários nesta segunda-feira, apesar da redução das tarifas dos EUA sobre produtos chineses que entraram em vigor no início de abril.
"É provável que os dados de maio tenham continuado a ser afetados pelo período de pico das tarifas", disse Lynn Song, economista-chefe do ING para a Grande China.
Song disse que ainda houve antecipação de embarques devido aos riscos tarifários, enquanto a aceleração das vendas para outras regiões além dos Estados Unidos ajudou a sustentar as exportações da China.
As importações caíram 3,4% em relação ao ano anterior, aprofundando o declínio de 0,2% em abril e pior do que a queda de 0,9% esperada na pesquisa da Reuters.
As exportações haviam aumentado 12,4% e 8,1% em março e abril, respectivamente, em relação ao ano anterior, uma vez que as fábricas apressaram os embarques para os EUA e outros fabricantes estrangeiros para evitar as pesadas taxas impostas por Trump à China e ao resto do mundo.
Embora os exportadores da China tenham encontrado algum alívio em maio, pois Pequim e Washington concordaram em suspender a maioria de suas taxas por 90 dias, as tensões entre as duas maiores economias do mundo continuam altas e as negociações estão em andamento sobre questões que vão desde os controles de terras raras da China até Taiwan.
Os representantes comerciais da China e dos EUA se reunirão em Londres nesta segunda-feira para retomar as negociações após um telefonema entre seus principais líderes na quinta-feira.
As importações chinesas dos EUA também perderam terreno, caindo 18,1%, depois de uma queda de 13,8% em abril.
O superávit comercial da China em maio foi de US$103,22 bilhões, acima dos US$96,18 bilhões do mês anterior.
Os dados de preços ao produtor e ao consumidor, divulgados pelo Escritório Nacional de Estatísticas no mesmo dia, mostraram que as pressões deflacionárias pioraram no mês ado.
O índice de preços ao produtor caiu 3,3% em maio em relação ao ano anterior, após um declínio de 2,7% em abril, marcando a maior queda em 22 meses. A expectativa em pesquisa da Reuters era de queda de 3,2%
Já o índice de preços ao consumidor recuou 0,1% no mês ado na comparação anual, repetindo a mesma taxa de abril e ante expectativa de queda de 0,2%.
Na comparação mensal, os preços ao consumidor recuaram 0,2%, contra alta de 0,1% em abril, em linha com a expectativa de economistas em pesquisa da Reuters.
A frágil demanda doméstica continua sendo um peso sobre a economia da China apesar das medidas e recentes.
(Reportagem de Yukun Zhang, Qiaoyi Li, Ellen Zhang, Ryan Woo e Lewis Jackson)