Barco humanitário que tentava furar bloqueio a Gaza é desviado por autoridades israelenses
O navio humanitário Madleen, que tentava chegar a Gaza com a bordo, entre outros, a ativista sueca Greta Thunberg e o brasileiro Thiago Ávila, foi desviado durante a noite de domingo para segunda-feira pelas autoridades israelenses, que convidaram seus ageiros a "retornar aos seus países".
Com o correspondente da RFI em Jerusalém, Michel Paul
O veleiro "está navegando com segurança em direção às costas de Israel. Está previsto que os ageiros retornem aos seus países", informou o Ministério das Relações Exteriores de Israel em um comunicado. Para o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, o objetivo do bloqueio é impedir o envio de armas ao Hamas.
Na noite de ontem, a eurodeputada Rima Hassan anunciou a presença do exército israelense ao redor do barco nas redes sociais. Ao mesmo tempo, sca Albanese, relatora especial da ONU para os territórios palestinos, detalhou: "Eles acabaram de ser cercados por lanchas israelenses ? cinco navios estão cercando a frota [...]. Por enquanto, estão apenas cercados."
Mais tarde na noite, a organização Flotilha da Liberdade para Gaza, que fretou o navio humanitário Madleen, informou que o barco foi apreendido pelo exército israelense. "A comunicação com o Madleen foi perdida. O exército israelense apreendeu o barco", informou a organização no Telegram, afirmando que a tripulação foi "sequestrada pelas forças israelenses".
O líder do partido La Insoumise (A França Insubmissa), Jean-Luc Mélenchon, denunciou a "prisão ilegal" de "12 humanitários e ativistas pacifistas" que estavam a caminho de Gaza, incluindo a deputada europeia Rima Hassan, integrante do seu partido.
Retorno previsto dos ativistas
Por sua vez, o ministério das Relações Exteriores de Israel assegurou que o navio foi desviado e se dirigia para Israel, de onde os ageiros "teriam de retornar aos seus países". O veleiro "está navegando com segurança em direção às costas de Israel. Está previsto que os ageiros retornem aos seus países", informou o ministério em um comunicado.
O ministério também divulgou, por meio de sua conta no X, imagens da tripulação sentada com as mãos para o alto no momento da abordagem, incluindo a ativista Greta Thunberg, o brasileiro Thiago Ávila e a deputada Rima Hassan. Também é possível ver militares distribuindo sanduíches e garrafas de água.
Antes da apreensão, Claude Léostic, representante da Flotilha da Liberdade para Gaza na França, explicou à jornalista da RFI Anne Bernas como ocorreram as operações anteriores: "O que [o exército israelense] está anunciando é a prisão das pessoas a bordo do Madleen e, em seguida, a apreensão do barco. Se isso acontecer como das outras vezes, significa que eles vão tomar o barco, armados até os dentes, e os comandos vão chegar em botes infláveis e vão embarcar no navio, vão prender os membros da tripulação e os ageiros, e depois tomarão o controle do barco na manobra, levando-o para Ashdod, que é um grande porto israelense", explicou ela.
"Lá, eles levarão os prisioneiros para centros de detenção. E o barco, por sua vez, será levado para um canto do porto e, provavelmente, será danificado e saqueado, como nas vezes anteriores. Não vejo razão para mudarem o modus operandi. Depois, os membros da tripulação e os ageiros, após dois ou três dias, possivelmente de detenção, serão expulsos", acrescentou Léostic.
(Com AFP)