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ONU prevê cortar milhares de postos como parte de reforma interna

29/05/2025 22h13

A ONU, que enfrenta crescentes problemas orçamentários, analisa cortar 20% do quadro de funcionários de seu órgão executivo como parte da reforma em andamento para aumentar a eficiência, segundo um memorando interno ao qual a AFP teve o nesta quinta-feira (29).

A Secretaria, uma das principais dependências das Nações Unidas ? responsável por executar as decisões do Conselho de Segurança e da Assembleia Geral ? empregava, no final de 2023, cerca de 35 mil pessoas, a maioria em Nova York, mas também em Genebra, Viena e Nairóbi.

"O secretário-geral estabeleceu uma meta ambiciosa: alcançar uma redução significativa (entre 15% e 20%) do orçamento ordinário para 2026, incluindo uma redução de 20% dos cargos da Secretaria", escreveu o controlador da ONU, Chandramouli Ramanathan, em uma mensagem enviada nesta semana a chefes de departamento.

O orçamento da ONU para 2025 é de 3,7 bilhões de dólares.

A iniciativa de reforma "ONU 80", lançada em março pelo secretário-geral António Guterres, tem como objetivo otimizar as operações do organismo global em um contexto de restrições orçamentárias.

Guterres advertiu recentemente sobre mudanças "dolorosas" que se aproximam, incluindo a redução de pessoal, e sugeriu indiretamente a possibilidade de um corte de 20% na equipe.

O memorando, datado de 27 de maio, pede que todos os chefes de departamento preparem listas de cargos a serem eliminados até 13 de junho, com foco em "funções redundantes, duplicadas ou não essenciais".

Se a Assembleia Geral, que deve aprovar o orçamento de 2026, der seu aval, os cortes de pessoal começarão em 1º de janeiro de 2026 para os cargos já vagos e, posteriormente, para os ocupados, conforme as regras da ONU.

O documento também informa que organismos como o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur), a Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA) e a ONU Mulheres ? que são financiados em parte com o orçamento ordinário das Nações Unidas ? receberão instruções separadas.

A ONU enfrenta há anos uma crise de liquidez devido ao fato de que alguns Estados-membros não pagam integralmente suas contribuições previstas e outros o fazem com atraso.

Os Estados Unidos, o principal contribuinte do orçamento ordinário da ONU com 22% do total, tinham uma dívida de 1,5 bilhão de dólares em pagamentos no final de janeiro, segundo um porta-voz da organização.

Alguns temem que o financiamento diminua sob um novo mandato de Donald Trump.

Já em 2024, a China ? segundo maior contribuinte com 20% ? pagou sua contribuição apenas no final de dezembro.

abd/eml/arm/dga/am

© Agence -Presse

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