Nvidia relata riscos para negócios na China, mas presidente-executivo elogia Trump
Por Stephen Nellis
SAN FRANCISCO (Reuters) - Mesmo com a Nvidia relatando outro trimestre de sucesso com 69% no crescimento das vendas na quarta-feira, a fabricante de chips de inteligência artificial alertou sobre mais riscos para seus negócios em meio ao conflito tecnológico entre os Estados Unidos e a China.
Em registro trimestral aos órgãos reguladores dos EUA, a empresa disse que as restrições ao uso de modelos de IA de código aberto da China, como DeepSeek e Qwen, poderiam prejudicar seus negócios, assim como as regras dos EUA que barram a tecnologia de veículos conectados da China, onde o negócio de chips para carros da Nvidia finalmente floresceu.
Embora o presidente-executivo da Nvidia, Jensen Huang, em teleconferência com analistas, tenha elogiado a decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de rescindir uma regra de exportação implementada pelo presidente Joe Biden, que teria regulado o fluxo de chips da Nvidia em todo o mundo, o registro observou que nenhuma nova regra foi emitida em seu lugar e que uma "regra de substituição pode impor novas restrições aos nossos produtos ou operações".
Por outro lado, Huang criticou as novas restrições de exportação impostas pelo governo Trump em abril. As restrições impedem a empresa de vender seu chip H20 feito para o mercado chinês, que Huang chamou de "um trampolim para o sucesso global".
Os limites de exportação custaram à Nvidia US$2,5 bilhões em vendas durante o primeiro trimestre fiscal e ela espera outro impacto de US$8 bilhões nas vendas durante o segundo trimestre fiscal atual.
As vendas do H20 na China renderam à Nvidia US$4,6 bilhões em receita, uma vez que os clientes estocaram os chips antes da entrada em vigor das restrições. O negócio na China foi responsável por 12,5% da receita geral.
"A questão não é se a China terá IA - ela já tem. A questão é se um dos maiores mercados de IA do mundo funcionará em plataformas norte-americanas", disse Huang, acrescentando posteriormente que "os controles de exportação de IA devem fortalecer as plataformas dos EUA, não levar metade dos talentos de IA do mundo para os rivais".
Huang também argumentou que manter os modelos chineses de código aberto, como o DeepSeek e o Qwen, em execução nos chips da Nvidia fornece às empresas norte-americanas informações valiosas sobre o rumo do setor global de IA.
"As plataformas dos EUA devem continuar sendo a plataforma preferida para IA de código aberto", disse ele. "Isso significa apoiar a colaboração com os principais desenvolvedores em todo o mundo, inclusive na China. Os EUA ganham quando modelos como DeepSeek e Qwen funcionam melhor na infraestrutura norte-americana."
Apesar das restrições sobre exportações da China, a Nvidia previu vendas de US$45 bilhões no segundo trimestre, apenas ligeiramente abaixo da estimativa média dos analistas de US$45,90 bilhões, de acordo com dados compilados pela LSEG. Isso implicaria em um crescimento de cerca de 50% em relação ao ano anterior.
Os executivos também destacaram negócios no valor potencial de bilhões de dólares nos próximos meses e anos na Arábia Saudita, nos Emirados Árabes Unidos e em Taiwan, levando os analistas a concluir que o impacto das tensões comerciais entre os EUA e a China não foi tão ruim quanto se temia.
Em seu elogio a Trump, Huang destacou a viagem do presidente ao Oriente Médio.
"O presidente Trump quer que a tecnologia dos EUA seja líder", disse Huang. "Os acordos que ele anunciou são vitórias para os EUA, criando empregos, avançando na infraestrutura, gerando receita fiscal e reduzindo o déficit comercial dos EUA."
Huang também disse que concorda com a visão expressa por autoridades do Gabinete, como o secretário de Comércio, Howard Lutnick, de trazer as fábricas de volta aos EUA e equipá-las com robôs.
"As fábricas do futuro serão altamente informatizadas em robótica. Compartilhamos essa visão", disse Huang.