Nunes põe Zona Azul no Minhocão após oficina monopolizar vagas por um mês

Após um mês sem regulamentação e com oficina monopolizando o estacionamento construído embaixo do elevado Presidente João Goulart, conhecido como Minhocão, a Prefeitura de São Paulo anunciou que vai implementar a Zona Azul no espaço a partir da próxima segunda-feira (2).
O que aconteceu
Prefeitura entrou com notificação para remoção de veículos nas vagas. Ontem, a gestão de Ricardo Nunes (MDB) notificou os quatro veículos que estavam estacionados no local. Segundo o aviso da prefeitura, os proprietários dos carros têm até cinco dias para retirá-los do estacionamento, sob pena de remoção para o pátio e pagamento de multa de R$ 25 mil.
Prefeitura não implementou regras para o uso do estacionamento. Uma reportagem do jornal Folha de São Paulo mostrou que o estacionamento ou a ser tratado como o pátio de uma oficina que fica em frente ao local. Ou seja, na prática, o projeto-piloto da Prefeitura de São Paulo não tem rotatividade nas vagas criadas no trecho da rua Amaral Gurgel, entre as ruas General Jardim e Major Sertório.
Como ainda não há regras estabelecidas, o uso do estacionamento não é irregular. O local não tinha placas com orientação de uso do espaço. Ainda de acordo com a Folha, os funcionários da oficina manobram os carros quando retiram um deles de maneira que não exista espaço para que outro veículo consiga parar no local.
Novas regras, com Zona Azul, começam a valer a partir da próxima segunda-feira. Segundo a Prefeitura de São Paulo, a medida vai garantir maior rotatividade e disponibilidade de estacionamento no local. A Zona Azul funcionará de segunda a sexta, das 7h às 19h, e aos sábados, das 7h às 13h.
O estacionamento de motocicletas no local será proibido. Ainda de acordo com a gestão, haverá limitação de até duas horas de permanência para os veículos.
Vereador denunciou situação e cobrou respostas da prefeitura. Nabil Bonduki (PT) afirmou que os mesmos veículos estão no local há dias. "O estacionamento gratuito, que nem paga Zona Azul, ao contrário do restante da região, está sendo utilizado permanentemente para veículos que não estão cumprindo sua função - tornou-se, portanto, um estacionamento privado", denunciou.
O parlamentar declarou que oficiou a CET (Companhia de Engenharia de Trafego) para recolher os carros. "Não podemos permitir que uma via pública seja utilizada como garagem privada. Estamos oficiando o CET para recolher os carros e levá-los aos pátios, a destinação correta para veículos abandonados".
Estacionamento é projeto experimental
Estacionamento impediria descarte irregular de lixo na região, segundo gestão municipal. A obra, idealizada pelo vice-prefeito, coronel Mello Araújo (PL), foi iniciada no dia 28 de abril e concluída no dia seguinte.
A proposta para a criação de estacionamento partiu de um e-mail enviado em 17 de março pela Subprefeitura da Sé. Menos de dois meses após o envio, as obras começaram.
Não houve debate, segundo vereadores. Nabil Bonduki (PT) declarou que população não foi ouvida. O vereador chamou a atenção para o risco de aumentar o congestionamento no local, alegando que carros terão que cruzar o corredor de ônibus da Amaral Gurgel para ar as vagas.
Estacionamento é um projeto experimental. A nova área para estacionamento gratuito de veículos tem 20 metros de extensão, 3 metros de largura e espaço para comportar até quatro veículos. O objetivo é analisar a viabilidade da instalação de baias de estacionamento em um trecho de 500 metros de extensão que irá do número 20 até o número 482 da rua Amaral Gurgel.
Prefeitura quer que o projeto seja replicado em outros trechos do Minhocão, mas CET vê problemas. O órgão apontou alguns empecilhos na construção de vagas para carros debaixo do Minhocão. Em ofício enviado à gestão no dia 14 de abril, o órgão cita que identificou poucos locais com eventual possibilidade de implantação de vagas de estacionamento longitudinal à via e sem prejuízo a ciclovia e aos pontos de ônibus.
SPTrans diz que proposta para vagas sob Minhocão é inviável
A SPTrans classificou como "totalmente inviável" a implementação de vagas de estacionamento para carros sob o Minhocão. Avaliação consta em ofício enviado pelo órgão a uma vereadora. No documento encaminhado ontem a Renata Falzoni (PSB) e obtido pelo UOL, a SPTrans explica que a mudança "dificultaria sobremaneira" a operação do corredor para ônibus na região.
Hoje, região abriga fluxo de aproximadamente cem ônibus por hora. Segundo a SPTrans, a manobra de entrada e saída de automóveis em um estacionamento no canteiro central do Minhocão afetaria diretamente a fluidez e a segurança da operação dos ônibus no corredor.
Ainda não existe corredor de ônibus no trecho onde está sendo instalado o estacionamento, mas há um plano para isso acontecer. Atualmente, o corredor embaixo do Minhocão está somente no trecho da avenida São João. O plano diretor da cidade, porém, define que ele seja expandido para outras vias embaixo do viaduto, incluindo a Amaral Gurgel.
Ideia do estacionamento é defendida principalmente pelo vice-prefeito. Durante viagem de Nunes, em abril, Mello Araújo (PL) ordenou o início de obras de adaptação no canteiro central da rua Amaral Gurgel, localizada sob o Minhocão. O objetivo era testar a transformação de parte do espaço em estacionamento. No momento, há quatro vagas.