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Assinado em Paris acordo para construção da filial do Centro Pompidou em Foz do Iguaçu

28/05/2025 13h37

Depois de anos de negociações, o Centro Georges Pompidou de Paris, um dos museus mais importantes de arte moderna e contemporânea do mundo, concretizou o projeto da primeira filial das Américas, que será construída em Foz do Iguaçu, com projeto do arquiteto paraguaio Solano Benitez, Leão de Ouro na Bienal de Veneza em 2016. A do acordo entre o estado do Paraná e o Centro Pompidou foi realizado nesta quarta-feira (28), em Paris.

Patrícia Moribe, em Paris

"Localizado no coração da região da Tríplice Fronteira, perto das Cataratas do Iguaçu", o futuro museu abrirá suas portas "em novembro de 2027" e buscará valorizar "a criação contemporânea sul-americana", afirmou o ministério da Cultura francês.

"O lugar onde o museu vai ser construído é no limite exato onde tem início a grande reserva florestal do Parque Iguaçu", destacou para a RFI o arquiteto paraguaio Solano Benitez, responsável pelo novo Pompidou.

A filial de Foz do Iguaçu entra para o grupo de antenas da matriz sa, com unidades na Espanha, China, Bélgica, Arábia Saudita e, em breve, Coreia do Sul.

O acordo, assinado entre o presidente do Centro Pompidou, Laurent Le Bon, e o governador paranaense, Carlos Massa Ratinho Junior, "marca uma nova etapa na cooperação entre França e Brasil, baseada nos valores comuns de compartilhamento, da criatividade e da abertura ao mundo", destaca o comunicado oficial.

"Hoje é um dia histórico para o Paraná e para o Brasil, em especial para a cultura brasileira", disse o governador paranaense à RFI. "Foram quatro anos de muito trabalho da nossa equipe da Cultura, juntamente com todo o grupo curador do Centro Pompidou, aqui em Paris. E, acima de tudo, coloca o Paraná e Foz do Iguaçu na rota dos museus mais importantes do mundo", acrescentou. 

"Inovador"

O centro brasileiro "oferecerá uma programação multidisciplinar que vai misturar exposições, espetáculos ao vivo, grandes ciclos de cinema, festivais, conferências e residências de artistas", destacou o ministério francês.

As exposições contarão com parte das coleções do Centro Pompidou, que fechará suas portas em Paris em 22 de setembro para obras de reforma que devem durar pelo menos cinco anos.

O site do governo paranaense informa que o investimento foi de cerca de R$ 200 milhões. O museu será construído em um terreno cedido pela CCR Aeroportos, ao lado do Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu. A previsão é publicar a licitação ainda neste ano. A inauguração deve ocorrer em 2027.

O acordo firmado prevê uma cooperação inicial de cinco anos com o Centro Pompidou. Desde 2022, o governo do Paraná já conta com apoio técnico da equipe sa, que atua como consultora no desenvolvimento do conceito curatorial e arquitetônico do espaço. O plano de trabalho envolve também a estruturação das ações educativas, com foco na formação de públicos, professores e profissionais da cultura.

No coração de Paris

Inaugurado em 1977 em um edifício com tubulações coloridas no coração da capital sa, no lugar do antigo mercado municipal, o Beaubourg, como também é conhecido o Centro Pompidou, possui um acervo de arte moderna e contemporânea de quase 140 mil obras, das quais três mil são expostas permanentemente.

A ousadia do projeto parisiense do italiano Renzo Piano e do britânico Richard Rogers criou reticências no começo, assim como foi o caso da pirâmide do Louvre, desenhada pelo sino-americano I.M. Pei, até se transformarem em símbolos indissociáveis da capital sa.

Mestre dos tijolos e abordagem social

No caso do Pompidou brasileiro, o escolhido para desenhar o projeto foi o paraguaio Solano Benitez, Leão de Ouro na Bienal de Veneza em 2016, entre outros prêmios. Cofundador do escritório Gabinete de Arquitectura, em Assunção, seu trabalho é conhecido por utilizar materiais locais e de baixo custo, como o tijolo e o ladrilho, e por sua abordagem ética e social na arquitetura.

Ele teve como missão projetar um edifício "inovador e respeitoso do meio ambiente" para abrigar o futuro Centro Pompidou Paraná.

Assim como a sede parisiense, a futura unidade de Foz do Iguaçu será construída diante de "uma praça aberta ao público" e abrigará oficinas educativas, uma biblioteca de pesquisa, laboratórios artísticos e lojas, entre outros, segundo a nota do governo francês.

Benitez destaca que uma das prioridades, foi a questão do aprendizado.

"Em tempos em que tudo muda tão rapidamente, é difícil imaginar como será o futuro próximo. Então precisamos fazer com que o aprendizado seja prioridade, estimulando a capacidade das pessoas", disse o arquiteto à RFI.

"Um museu é uma ferramenta incrível para facilitar o aprendizado quando tudo acontece tão rápido". Mais do que um projeto de arquitetura, ele destaca a função de estimular a capacitação das pessoas, do coletivo.

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