Surfe: WSL erra ao repetir etapa e reacende polêmica sobre favorecimento

O Challenger Series, divisão de o do surfe que começou nesta segunda-feira, vai ter sete etapas a partir desta temporada - duas a mais do que o previsto. No papel, é uma boa ideia: mais chances, mais tempo de recuperação pra quem começa mal, mais justiça no caminho até a elite.
A entrada de Pipeline, inclusive, é um golaço. A divisão de o vai ar pela meca do surfe, o lugar onde se separam promessas de realidades. Um palco digno de decisão.
Mas aí vem o grande "porém".
A última etapa vai ser? em Newcastle. De novo. Sim, a mesma cidade que abre o circuito. A WSL conseguiu repetir uma etapa no mesmo pico, com nove meses de intervalo, e ainda justificou com um discurso de "tradição" pelos 40 anos do evento. É sério?
A Austrália já tem três etapas no Mundial, inclusive as três últimas antes do corte — todas decisivas. Agora, no Challenger, são duas — uma delas repetida e mais uma vez definindo classificações. Enquanto isso, América do Sul e Europa, regiões com histórico de formar talentos, seguem com apenas uma. Qual o critério? Porque equilíbrio, definitivamente, não é.
A entrada de Pipe merecia encerrar o circuito. Seria o cenário perfeito, inclusive pela conexão com o Mundial de 2026, que também termina lá. Mas não: a WSL fez o certo, e logo depois jogou fora a chance de encerrar com chave de ouro.
E aí fica a dúvida: faltou vontade ou sobrou interesse? Se a justificativa foi que ninguém mais quis sediar uma sétima etapa, é difícil acreditar. Será que a WSL Brasil, por exemplo, não teria interesse? Ainda mais com todo o sucesso comercial que os eventos têm tido?
Mesmo que esse tenha sido o caso, não dava pra mudar o pico? Tentar outro lugar? Repetir Newcastle foi, no mínimo, preguiçoso.
Além de questionável tecnicamente, a decisão é um baque financeiro para os atletas — especialmente os brasileiros, que já têm que bancar viagens longas e caras e agora terão que voltar à Austrália.
Michael Rodrigues, um dos nomes mais fortes do país no Challenger, e que já esteve na elite, não escondeu a frustração:
Um dia antes de iniciar a temporada eles anunciam isso? O que já estava caro, agora ficou mais caro ainda. Ridícula essa decisão, não conversam com os atletas e não melhoram o valor da premiação. Se você faz uma semifinal, não cobre os custos. Cada vez mais vemos que precisamos de uma nova liga esportiva Michael Rodrigues, no Instagram da AOS Mídia
O Challenger Series está ficando cada vez mais relevante. Mas se é pra ser o caminho até a elite, ele precisa ser justo — e viável. E essa reta final, terminando em Newcastle, mostra que a WSL ainda precisa ajustar — e muito — sua bússola.
Challenger Series 2025/26
Newcastle, Austrália: 2 a 8 de junho de 2025
Ballito, África do Sul: 30 de junho a 6 de julho de 2025
Huntington Beach, EUA: 29 de julho a 3 de agosto de 2025
Ericeira, Portugal: 29 de setembro a 5 de outubro de 2025
Saquarema, Brasil: 11 a 19 de outubro de 2025
Pipeline, Havaí: 28 de janeiro a 8 de fevereiro de 2026
Newcastle, Austrália: 8 a 15 de março de 2026