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Inflação desacelera em maio, apesar de alta da conta de luz e dos remédios

Nando Vidal/Getty Images/iStockphoto
Imagem: Nando Vidal/Getty Images/iStockphoto

Alexandre Novais Garcia

Do UOL, em São Paulo (SP)

10/06/2025 09h00

A inflação perdeu força e fechou maio em 0,26%, ante o avanço de 0,43% registrado em abril, mostram dados divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A variação do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) no mês ado foi puxada pelo aumento das contas de luz e dos medicamentos.

Como foi o IPCA

Inflação perde ritmo pelo terceiro mês seguido. A variação de preços em maio foi a menor para o mês desde 2023 (0,23%) e mantém a sequência de desaceleração iniciada em março, quando o IPCA ou de 1,31% para 0,56%. No ano ado, a taxa para maio foi de 0,46% e as expectativas do mercado financeiro indicavam que a variação atual seria de 0,37%.

Alta menor dos alimentos e deflação dos transportes guiam resultado. Responsáveis por mais de 40% da composição do IPCA, os dois grupos de despesas ajudaram a compensar o salto de 1,19% dos custos de habitação, impulsionada pelo aumento das contas de luz.

Índice anual recua após três meses de alta. Com a variação de maio, o IPCA a a acumular alta de 5,32% nos últimos 12 meses. O resultado corresponde à primeira desaceleração do índice para o período anual desde janeiro. Em maio do ano ado, a inflação acumulada era de 3,93%.

Inflação permanece acima do teto da meta. Mesmo com a perda de força em maio, o índice oficial de preços figura, pelo oitavo mês seguido, acima da margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para a meta de 3% definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional).

Furo da meta está previsto para este mês. ou a valer em janeiro a determinação de que o BC (Banco Central) precisa dar explicações sempre que a inflação superar o teto por seis meses consecutivos. Para o cenário ser revertido, é necessário que o IPCA de junho apresente uma deflação de ao menos 0,57%, o que devolveria o índice acumulado em 12 meses para 4,5%.

Contas de luz

Tarifas de energia elétrica pesam no bolso. A alta de 3,62% da conta de luz residencial em maio representa uma aceleração após a queda de 0,08% dos preços em abril. O salto é motivado pela adoção da bandeira tarifária amarela, determinação da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) que eleva o valor das tarifas em R$ 1,885 a cada 100 kWh (quilowatt-hora) consumidos.

Contas não tinham cobrança extra desde dezembro. A tarifa adicional foi atribuída à redução das chuvas na transição do período chuvoso para o período seco. "A previsão de geração de energia proveniente de [usinas] hidrelétricas piorou, o que nos próximos meses poderá demandar maior acionamento de usinas termelétricas, que possuem energia mais cara", disse a Aneel.

Peso das contas de luz será maior neste mês. A Aneel definiu que as tarifas do mês de junho terão a bandeira vermelha patamar 1, que eleva as cobranças em R$ 4,46 a cada 100 kW/h (quilowatt-hora). A definição também foi justificada pela redução da geração hidrelétrica, que aumentou a utilização de fontes de energia mais onerosas, como as usinas termoelétricas.

Medicamentos

Preço dos produtos farmacêuticos subiu 0,69%. Apesar de representar uma desaceleração na comparação com a alta de 2,32% registrada em abril, a variação ainda traz desdobramentos do reajuste de 5,06% autorizado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) a partir do mês de março.

Oftalmológicos e hipotensores lideram as altas. Os produtos para tratamentos oculares e controle da pressão arterial subiram 2,15% e 1,65%, respectivamente. Medicamentos hormonais (+1,26%), gastroprotetores (+0,94%), antidiabéticos (+0,93%), antigripais (+0,64%) e anti-inflamatórios (+0,54%) também estão mais caros.

Alimentos

Inflação dos itens de alimentação e bebidas foi de 0,17%. A variação é substancialmente inferior às taxas de março (+1,17) e abril (+0,82%). Com a perda de força, a variação de preço do grupo de despesas é a menor desde agosto do ano ado, quando havia recuado 0,44%.

Vilões recentes contribuem para queda dos preços. Entre os destaques para a perda de força da inflação dos alimentos aparecem a redução de preço do tomate (-13,52%), do arroz (-4%), do ovo de galinha (-3,98%) e das frutas (-1,67%). Por outro lado, os valores da batata-inglesa (+10,34%), da cebola (+10,28%), do café moído (+4,59%) e das carnes (+0,97%) permanecem em alta.

A queda nos preços do tomate pode ser explicada por um aumento da oferta devido ao avanço na safra de inverno, movimento inverso no caso da batata-inglesa, onde a safra de inverno ainda não é suficiente para suprir a demanda. Já no caso da cebola, questões relacionadas à importação do produto da Argentina influenciaram no aumento dos preços.
Fernando Gonçalves, gerente do IPCA

Transportes

Combustíveis e agens aéreas apresentam queda. Em maio, o preço dos bilhetes para viajar de avião recuaram 11,3% e os combustíveis ficaram 0,72% mais baratos. Os dois resultados contribuíram para a queda de 0,37% dos custos relacionados ao segmento de transportes.

A queda nas agens aéreas se deve por ser um período entre as férias de final e início de ano e as do meio do ano, quando as companhias aéreas costumam baixar os preços.
Fernando Gonçalves, gerente do IPCA

Preço de todos os combustíveis recuou no mês ado. A maior queda foi contabilizada pelo óleo diesel (-1,3%). Na sequência, aparecem o etanol (-0,91%), o gás veicular (-0,83%) e a gasolina (-0,66%). Gonçalves classifica o cenário como reflexo da redução na tributação do álcool hidratado. Segundo ele, o impacto da decisão resultou no recuo de R$ 0,05 por litro.

Veja a variação de cada um dos grupos

  • Habitação: +1,19%
  • Saúde e cuidados pessoais: +0,54%
  • Vestuário: +0,41%
  • Despesas pessoais:+0,35%
  • Alimentação e bebidas:+0,17%
  • Educação: +0,05%
  • Comunicação: +0,07%
  • Artigos de residência: -0,27%
  • Transportes: -0,37%

O que é o IPCA

Inflação oficial é calculada a partir de 377 produtos e serviços. A escolha pelos itens tem como base o consumo das famílias com rendimentos entre um e 40 salários mínimos. O cálculo final considera um peso específico para cada um dos itens analisados pelo indicador.

IPCA abrange a evolução dos preços em nove grandes grupos. As análises consideram as variações apresentadas por itens das áreas de alimentação e bebidas, artigos residenciais, comunicação, despesas pessoais, educação, habitação, saúde e cuidados pessoais, transportes e vestuário.

Análise mensal é realizada nos grandes centros urbanos do Brasil. Para isso, o IBGE realiza as coletas de preços nas regiões metropolitanas de Belém (PA), Fortaleza (CE), Recife (PE), Salvador (BA), Belo Horizonte (MG), Vitória (ES), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS) e do Distrito Federal. Também há pesquisadores nos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju.

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