Drone, cocaína e voos suspensos: o que se sabe sobre caso em Guarulhos (SP)

Os drones que causaram o fechamento do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, na noite de anteontem, eram controlados por traficantes de drogas, segundo a Polícia Militar. Foram apreendidos 160 kg de cocaína.
O que se sabe sobre o caso
Os suspeitos pretendiam embarcar a droga clandestinamente em aviões com destino ao exterior. Um agente da segurança do aeroporto viu quando um carro parou e seus ocupantes jogaram três pacotes para três pessoas que se encontravam na parte interna do aeroporto.
O drone foi usado para monitorar a ação policial. Segundo a FAB (Força Aérea Brasileira), múltiplas aeronaves não tripuladas foram avistadas nos eixos de aproximação e decolagem.
Segundo a CNN, um vídeo do canal Aviação Guarulhos JPD mostrou o momento em que um piloto avisou a torre de controle sobre o drone. "Bem na curta final (na área de aproximação), tem um cara com um drone. Avistei e ou à direita da nossa asa. Achei que ia ter que arremeter."
A Polícia Federal foi acionada e os homens fugiram, deixando a droga para trás. Três caixas com 160 kg de entorpecentes foram apreendidas. "A denúncia foi feita por um militar que trabalha no local. "Ele viu três criminosos realizando o transporte de pasta base de cocaína. Chegou a informação que eles estariam utilizando drones para o tráfico", afirmou o capitão da PM de São Paulo, Alexandre Guedes, em entrevista ao Jornal Gente, da Rádio Bandeirantes.
A interrupção das operações foi determinada pela torre de controle. A suspensão ocorreu por segurança, segundo nota oficial do Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo).
Vinte e uma aeronaves foram redirecionadas para outros aeroportos, como Campinas, Ribeirão Preto, Confins e Galeão. As aproximações ficaram suspensas entre 21h25 e 23h05, e as decolagens entre 22h45 e 23h18.
A GRU Airport confirmou a interrupção das operações e acionou as autoridades. A concessionária que istra o terminal ressaltou que o uso de drones nas imediações representa risco à aviação e à integridade das pessoas.
O Centro Regional de Controle constatou que não havia autorização ativa para voos de drones naquela região. Expor aeronaves e embarcações a risco é crime previsto no artigo 261 do Código Penal brasileiro. A previsão penal é de reclusão de 2 a 5 anos, devendo ser aumentada quando causa queda ou destruição.
Mais de 20 voos da Latam foram impactados. Em nota, a companhia afirmou que repudia a situação, classificada como totalmente alheia à sua responsabilidade, e informou que está prestando assistência aos ageiros afetados, conforme prevê a Resolução nº 400 da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
A Gol confirmou que dois voos precisaram ser cancelados e outros dez foram alternados para aeroportos próximos. "Grande parte das aeronaves alternadas seguiu novamente para Guarulhos após reabastecimento e normalização das operações no aeroporto. Todos os clientes receberam as facilidades previstas na resolução 400 da Anac, conforme suas necessidades", disse a companhia, em nota.
Em nota, a PF informou que as investigações continuam para apurar as circunstâncias do crime e identificar todos os envolvidos. A Anac também foi procurada, mas ainda não se pronunciou.
A Anac e o Decea definem há anos restrições para a operação de drones em áreas próximas de aeroportos e aeródromos. Eles não podem levantar voo dentro de um raio de até 5,4 km de um terminal. A partir desse afastamento a até 9 km do aeroporto, drones só podem ser operados até uma altura máxima de 30 m. Se o voo acontecer a uma distância superior a 9 km, os drones ficam liberados para atingir até 120 m de altura.
A partir de uma determinada categoria, o drone precisa ser registrado na Anac. Atualmente a exigência é para aparelho com peso superior a 250 gramas, seja para uso recreativo ou profissional. O cadastro é feito no Sisant (Sistema de Aeronaves não Tripuladas). Os drones com peso inferior, embora não precisem deste registro, também estão sujeitos às normas de segurança.
*Com Estadão Conteúdo