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Trump desafia autoridades da Califórnia e envia reforço policial a Los Angeles para reprimir protestos

10/06/2025 14h41

Depois de uma noite calma em Los Angeles, centenas de fuzileiros navais, mobilizados pelo presidente Donald Trump contra a vontade das autoridades californianas, chegaram na terça-feira (10) como reforços à cidade da costa oeste dos Estados Unidos, já cercada por milhares de soldados e policiais com objetivo de reprimir protestos contra deportações de migrantes ilegais. 

Desde sexta-feira (6), Los Angeles, com sua grande população hispânica, tem sido palco de confrontos entre manifestantes que denunciam as operações da polícia de imigração (ICE) contra pessoas sem documentos e exigem a retirada das tropas enviadas pelo presidente para reprimir os protestos. 

Após mobilizar 2.000 reservistas da Guarda Nacional ? 1.700 dos quais estão no local ?, Donald Trump ordenou o envio de outro efetivo de 2.000, na segunda-feira. Criticado por tomar uma medida considerada desproporcional, ele enfatizou ainda mais a questão, ao anunciar o envio de 700 fuzileiros navais, uma força de elite normalmente usada em casos de atuação externa. 

Vindos de um batalhão em Camp Pendleton, localizado ao sul de Los Angeles, esses 700 fuzileiros navais serão temporariamente mobilizados para proteger o pessoal do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE) e propriedades federais, informou o Exército dos EUA.

"Ver Trump enviar a Guarda Nacional sem a aprovação do governador, é um flagrante desrespeito aos direitos dos estados", avaliou Andrew Schindler, músico de 31 anos, em entrevista à AFP. "E acho muito perigoso que ele esteja usando isso como desculpa para militarizar a força policial," disse. 

O presidente dos EUA mantém sua posição. "Se eu não tivesse enviado os militares para Los Angeles nas últimas três noites, esta cidade outrora grande e bela estaria em chamas", escreveu ele, nesta terça-feira, em sua rede social Truth Social. 

Batalha política 

No início do dia, Donald Trump reiterou que não tinha escolha a não ser enviar tropas para Los Angeles para evitar uma escalada da violência. Os democratas acreditam que a decisão do republicano constitui abuso de poder.

O confronto é duplo: no terreno, acontece entre as forças da lei e os manifestantes que protestam contra as políticas repressivas de Donald Trump em relação aos migrantes ilegais. De outro lado, é uma crise altamente política, colocando em oposição o governo do republicano e a Califórnia, que está na vanguarda dos estados democratas. 

O governador democrata Gavin Newsom é considerado um potencial candidato à Casa Branca em 2028. Ele disse que o envio de militares da ativa realizava "a fantasia insana de um presidente ditatorial". Na plataforma de mídia social X, seu gabinete declarou que "o nível de escalada é completamente injustificado e sem precedentes".

O estado da Califórnia anunciou que processará Donald Trump, alegando que sua decisão de mobilizar a Guarda Nacional sem a aprovação do governador "violou" a Constituição. 

Outras cidades americanas  

Protestos também ocorreram em várias outras cidades dos Estados Unidos, incluindo Nova York, Filadélfia e São Francisco.

Em Santa Ana, perto de Los Angeles, policiais lançaram gás lacrimogêneo contra manifestantes que gritavam palavras de ordem contra o ICE. 

Em Nova York, a polícia fez prisões durante um protesto em Manhattan e em Austin, no Texas, gás lacrimogêneo foi disparado, de acordo com a afiliada da NBC, KXAN. 

A decisão de mobilizar uma unidade de choque como os Fuzileiros Navais é "extremamente rara", disse à AFP Rachel VanLandingham, acadêmica especializada em questões de segurança nacional. Ela explica que esses soldados não são treinados para a aplicação da lei nem estão acostumados a trabalhar "com as forças policiais locais", o que se torna potencialmente perigoso. 

Por outro lado, uma pequena empresária, que preferiu permanecer anônima, diz apoiar a dura repressão das autoridades federais. "É necessário acabar com o vandalismo", disse à AFP depois que a fachada de sua empresa foi pichada. Desde sexta-feira, vários carros foram incendiados no local. 

(Com AFP)

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