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CEO do BTG Pactual defende maior eficiência de gastos e vê aumento de tributos como "mais areia na engrenagem"

10/06/2025 13h35

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O presidente-executivo do BTG Pactual, Roberto Sallouti, questionou neste terça-feira se não é o momento de o Brasil buscar uma maior eficiência dos gastos públicos para não precisar aumentar a tributação, que tem efeitos nocivos no crescimento potencial da economia do país.

"Acho que o caminho que a gente está explorando agora, esse aumento de tributos, tem uma consequência que talvez agora seja imperceptível, mas que vai ser perceptível em breve, que é o aumento do custo Brasil, aumento da ineficiência, é mais areia na engrenagem", afirmou o executivo, em na Febraban Tech.

Os comentários foram feitos após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciar no domingo que deve apresentar nos próximos dias um pacote fiscal com taxação de títulos isentos, bets e instituições financeiras para "recalibrar" o decreto que aumentou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em maio.

Haddad confirmou nesta terça-feira que o governo também vai propor uma alíquota unificada de 17,5% de Imposto de Renda sobre rendimentos de aplicações financeiras, e disse que será proposto aumentar a tributação de J de 15% para 20%.

No mercado, o entendimento foi de que mais uma vez o governo focou em medidas arrecadatórias em vez de iniciativas para controlar o aumento de gastos.

No evento em São Paulo, Sallouti citou várias manifestações, inclusive de membros da equipe econômica atual, de que é inevitável que o Brasil revisite toda a sua estrutura de despesas do seu orçamento, porque, se não, o arcabouço fiscal vigente não será sustentável a partir de 2026.

"Será que não é hora de a gente buscar uma maior eficiência dos gastos do orçamento público brasileiro, revisitar onde tem excessos, revisitar onde pode melhorar processos, para que (o país) não seja obrigado a aumentar tributos que acabam tendo consequências para o PIB potencial e para a produtividade do Brasil? Porque, no fundo, é isso que a gente está fazendo."

O CEO do maior banco de investimentos da América Latina destacou que o governo tem o privilégio de ser um "monopólio de tributar". "Mas chega um momento que até nisso esse monopólio acaba não funcionando porque a sociedade reage, que é um pouco o que a gente está vendo agora", acrescentou.

"Vamos fazer isso o mais rápido possível (revisitar toda a estrutura de despesas do orçamento público). Independente de eleição, que quem vai ganhar com isso é o Brasil", acrescentou.

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