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Braga Netto trouxe dinheiro para bancar operação no golpe, diz Cid

Mateus Coutinho e Ândrea Malcher
do UOL

Do UOL, em Brasília, e colaboração para o UOL, em Brasília

09/06/2025 15h22Atualizada em 09/06/2025 16h01

Em seu depoimento ao STF (Supremo Tribunal Federal), o delator Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, disse que o ex-ministro e general Braga Netto "entregou dinheiro" a ele para bancar uma operação na tentativa de golpe. A princípio, ele afirmou ter imaginado que era para levar gente para os acampamentos em frente ao quartel-general do Exército e só depois se inteirou pela imprensa do plano para espionar e matar autoridades.

O que aconteceu

Recursos para que pessoas viajassem do Rio a Brasília. O tenente-coronel contou em seu depoimento que o major Oliveira o procurou pedindo dinheiro para trazer pessoas do Rio de Janeiro. "Eu procurei o general Braga Netto, que me orientou que eu procurasse o pessoal do partido [PL]."

Na minha cabeça, o intuito era para trazer pessoas para manifestações em frente aos quartéis. Falei com o tesoureiro do PL e ele disse que o partido não poderia bancar aquilo.
Mauro Cid, em depoimento ao STF

Militar já havia detalhado conversa com general em delação. Ele havia dito que, com a negativa do PL, Braga Netto teria afirmado que daria um "jeito". "O partido não podia trazer manifestantes ou apoiar com esse tipo de material. Voltei no general Braga Netto e ele falou: 'Vou dar um jeito, vou seguir por outros caminhos'", disse Cid na delação.

Cid disse não saber quanto havia no dinheiro trazido por Braga Netto. Mas que era menos do que os R$ 100 mil que ele havia citado em conversa no WhatsApp com o coronel Oliveira. Ele sugeriu que o montante deveria vir do "pessoal do agro", que apoiava que Bolsonaro se mantivesse no poder.

Dinheiro era para plano de assassinato. A investigação da PF mostrou que o dinheiro seria para bancar o plano Punhal Verde e Amarelo, que tinha o objetivo de matar o presidente Lula, o vice-presidente Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes.

Braga Netto fazia a interlocução com os manifestantes, aponta Cid. Questionado pelo ministro Luiz Fux sobre se mantinha contato com os manifestantes que estavam nos acampamentos em frente ao QG, Mauro Cid afirmou que o "miolo" do Palácio do Planalto não tinha contato com nenhum dos organizadores. Segundo o delator, quem trazia as informações das manifestações era Braga Netto.

Cid negou ter participado da tentativa de golpe para manter Bolsonaro no poder. Ele disse que "presenciou grande parte dos fatos", mas negou participação. Ele também confirmou ter assinado a delação por vontade própria. Não pode haver coação quando há esse tipo de acordo.


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