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Mandíbulas de bebês com 2 milhões de anos esclarecem origem do gênero humano

Reconstrução 3D de fósseis de mandíbula e maxila utilizados na pesquisa - José Braga/Divulgação/CNRS
Reconstrução 3D de fósseis de mandíbula e maxila utilizados na pesquisa Imagem: José Braga/Divulgação/CNRS

07/06/2025 05h30

Fragmentos fossilizados excepcionais de mandíbulas de bebês com dois milhões de anos, encontrados na África, berço da humanidade, auxiliaram uma equipe de pesquisadores franco-italiana a esclarecer as origens do gênero humano de outro ponto de vista.

O estudo, realizado por José Braga (Centro Nacional para a Pesquisa Científica da França, CNRS - Universidade de Toulouse) e Jacopo Moggi-Cecchi (Universidade de Florença), e publicado na revista Nature communications, demonstra uma diversidade e uma complexidade maior do que o esperado nessa época dos primórdios do gênero Homo.

As ossadas nas quais esta pesquisa se baseia (duas mandíbulas e um maxilar de bebês exumados há alguns anos na Etiópia e na África do Sul) "mostram que desde esse momento na vida do indivíduo, há 2,2 milhões de anos, estávamos diante de duas espécies diferentes que se desenvolviam de forma totalmente diferente", disse José Braga em uma coletiva de imprensa em Toulouse, nesta quarta-feira.

Enquanto a mandíbula do baixo vale etíope de Omo, atribuída ao Homo habilis, é "muito diferente à das crianças humanas atuais", a proveniente da localidade sul-africana de Kromdraai, atribuída ao Homo erectus, "é muito próxima à das crianças humanas de hoje", afirmou, enquanto exibia moldes das duas ossadas.

Devido à pouca idade das pessoas às quais pertenceram, parece pouco provável que diferenças morfológicas tão características se devam ao meio (modo de vida ou alimentação), como pode ser o caso das ossadas de adultos.

"A comparação de ambas as mandíbulas nos ensina que, desde milhões de anos atrás, tratavam-se de duas espécies totalmente diferentes que coexistiam em alguma parte do continente africano" e que o Homo erectus era mais "próximo de nós" que o Homo habilis, acrescentou o paleoantropólogo francês.

"Estas novas descobertas contribuem para uma visão mais relativizada das origens do gênero Homo", quando os primeiros representantes da linhagem humana se separaram dos outros grandes símios.

Isto "sugere que as raízes da humanidade são, ao mesmo tempo, mais antigas, diversificadas e ramificadas do que se acreditava até agora", assinalou o CNRS no comunicado.

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