Dólar fecha abaixo de R$5,60 pela 1ª vez no ano com impulso do exterior
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar caiu mais de 1% no Brasil nesta quinta-feira e encerrou a sessão abaixo de R$5,60 pela primeira vez em 2025, acompanhando o movimento quase generalizado de recuo da moeda norte-americana no exterior, após o Banco Central Europeu (BCE) indicar uma pausa em seu processo de corte de juros e em meio às negociações comerciais entre EUA e China.
A moeda norte-americana à vista fechou em baixa de 1,03%, aos R$5,5871 -- o menor valor de fechamento para o dólar em 2025. Esta é a menor cotação de encerramento desde 14 de outubro do ano ado, quando fechou aos R$5,5827.
Em 2025, a divisa dos EUA acumula perdas de 9,58%.
Às 17h45, na B3 o dólar para julho -- atualmente o mais líquido no Brasil -- cedia 0,82%, aos R$5,6165.
Na ausência de novidades sobre o pacote fiscal em discussão entre governo e Congresso em Brasília, que pode substituir elevações do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) anunciadas pela equipe econômica há duas semanas, os investidores se voltaram nesta quinta-feira para o exterior.
Lá fora, as notícias eram fatores de pressão para o dólar, favorecendo as moedas de países exportadores de commodities e emergentes, como o real.
No início do dia o BCE reduziu suas taxas de juros, conforme esperado, mas ou indicações de que dará uma pausa no atual ciclo de cortes.
"No nível atual, acreditamos que estamos em uma boa posição para navegar pelas circunstâncias incertas que virão", disse a presidente do BCE, Christine Lagarde, em uma coletiva de imprensa, ao mesmo tempo em que repetiu que não se "comprometeria previamente" com uma trajetória para os juros.
A expectativa de manutenção dos juros pelo BCE no próximo encontro de política monetária reforçou perspectiva de que o diferencial de juros em relação aos Estados Unidos não vai aumentar. Com isso, a moeda norte-americana cedeu ante o euro, colocando o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- também em baixa.
Outro fator para o recuo do dólar ante boa parte das demais divisas era o avanço das negociações entre EUA e China, envolvidos em uma disputa tarifária. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder da China, Xi Jinping, se falaram por telefone nesta quinta-feira e trataram das tensões comerciais crescentes.
Nas redes sociais, Trump afirmou que a conversa, focada principalmente no comércio, levou a "uma conclusão muito positiva", anunciando mais discussões entre EUA e China.
O diálogo foi bem recebido pelos investidores, impulsionando moedas de exportadores de commodities como o real.
"O movimento geral do mercado é de tomada de risco em meio ao avanço das negociações entre Trump e Xi Jinping. Moedas de países emergentes e ligados a commodities são especialmente beneficiadas, pela forte exposição à economia chinesa", escreveu Paula Zogbi, estrategista-Chefe da Nomad.
Neste cenário, após marcar a cotação máxima de R$5,6382 (-0,12%) às 9h10, pouco depois da abertura, o dólar à vista despencou para a mínima de R$5,5779 (-1,19%) às 14h17.
No fim da tarde, o dólar já demonstrava maior acomodação ante as demais divisas fortes. Às 17h44, o índice do dólar caía 0,04%, a 98,758.