Sete anos depois, família é informada que jovem desaparecido foi enterrado

A família de Samuel Gustavo de Andrade, desaparecido há mais de sete anos em São Paulo, descobriu ontem que o jovem foi enterrado como indigente poucos dias após sumiço. Até então, nenhum parente havia sido comunicado.
O que aconteceu
Samuel desapareceu em 9 de dezembro de 2017, aos 19 anos, ao sair de casa para ir a uma festa no bairro do Grajaú, zona sul de São Paulo. Desde então, a família iniciou as buscas, sem sucesso, que duraram sete anos.
Na quarta-feira, familiares foram comunicados que o jovem foi enterrado em 14 de dezembro de 2017, poucos dias depois do sumiço. Segundo Sandro de Andrade Júnior, irmão da vítima, a confirmação se deu depois de um exame de DNA.
Corpo foi encontrado uma semana após o desaparecimento, no rio Pinheiros. Segundo a investigação, ele foi levado para o IML (Instituto Médico Legal) Oeste e enterrado como indigente no Cemitério Dom Bosco, em Perus, zona norte da capital.
Familiares ainda aguardam explicação sobre as circunstâncias da morte. "Apesar da tristeza que nos consome, também sentimos alívio por finalmente termos uma resposta. Que ele descanse em paz, e que a verdade seja um o para a justiça", escreveu o irmão de Samuel no Instagram.
Identificação após nova checagem em banco de dados
À época do desaparecimento, as buscas não obtiveram nenhuma informação concreta sobre o paradeiro de Samuel. A SSP (Secretaria de Segurança Pública) explicou em nota ao UOL que o cadáver encontrado no rio Pinheiros estava em estado avançado de decomposição e, por isso, não foi possível verificar as impressões digitais.
Diligências continuaram ao longo dos anos, e nova checagem em bancos de dados foi feita em 2024. A identificação do corpo foi feita apenas após realização de exame de DNA.
Causa da morte foi asfixia mecânica por afogamento, constatou o IML. "Com a confirmação da identidade, o caso foi encerrado oficialmente, trazendo uma resposta à família após anos de incerteza", concluiu a SSP.
Casal perdeu 3 de seus 4 filhos
O mecânico Sandro de Andrade e sua esposa Maria perderam três de seus quatro filhos. Além de Samuel, em 1988, Sheila nasceu prematura e morreu com apenas 12 horas de vida.
Casal acreditava que não conseguiria ter mais filhos. "Mas dois anos depois veio o Saulo", disse o pai em entrevista ao UOL no ano ado.
Saulo morreu em 19 de fevereiro de 2013, aos 23 anos, por suicídio. Ele "estava fazendo faculdade, era professor de computação desde os 16 anos, muito religioso, tocava violão na igreja. Sempre muito alegre", contou Sandro.
Saulo tinha diabetes desde os 14 anos e usava insulina. Poucos dias antes de morrer, descobriu um glaucoma —doença que afeta o nervo óptico e pode levar à cegueira.
Ele tinha feito uma bateria de exames e deu princípio da doença. A chefe dele comentou comigo que, dias antes do acontecido, chegou a encontrá-lo em uma sala, de olho fechado e luz apagada. Ela perguntou o que estava acontecendo e ele falou: 'Eu tenho muito medo de perder a minha visão e a minha inteligência'
Sandro de Andrade