Topo
Notícias

Consumo de derivados da cannabis, opioides e catinonas cresce na Europa, alerta agência da UE

05/06/2025 10h37

Os produtos sintéticos derivados da cannabis, opioides e catinonas, com efeitos semelhantes aos das anfetaminas, "estão ganhando terreno" no continente europeu. O alerta foi feito nesta quinta-feira (5) pela Agência da União Europeia sobre Drogas (EUDA), que pede mais vigilância. 

De acordo com estimativas da agência, houve 7.500 mortes relacionadas ao uso de drogas em 2023, contra 7.100 em 2022 na Europa. Nesses casos, os opioides "associados a outras substâncias foram os principais responsáveis pelos óbitos", indica o relatório anual da EUDA.

O documento reúne e analisa dados sobre a evolução do consumo e do mercado de entorpecentes em 29 países, que incluem os 27 Estados-membros da União Europeia, além da Noruega e da Turquia. O consumo simultâneo de várias drogas "continua sendo motivo de preocupação" e dificulta o tratamento dos usuários, destaca o documento. 

Diante do aumento das apreensões e do crescimento da "intimidação e da violência ligada ao tráfico de drogas" e da "maior participação de jovens vulneráveis em toda a Europa", o diretor executivo da EUDA, Alexis Goosdeel, defendeu a necessidade de "ação" por parte dos países da UE para reforçar os sistemas de monitoramento e alerta.

"A proliferação de substâncias muito potentes e de modos de consumo mais complexos pesa sobre os sistemas de saúde e segurança", disse, durante uma entrevista coletiva. 

"O o a dados é essencial" para "dar às forças de segurança as ferramentas necessárias para combater os criminosos" e evitar que fiquem "de mãos atadas", declarou o comissário europeu para assuntos migratórios, Magnus Brunner. Segundo ele, a cooperação, especialmente com países da América Latina, é fundamental para solucionar o problema. 

Desde 2009, 88 novos opioides sintéticos surgiram no mercado europeu de drogas, segundo o relatório da EUDA. Segundo o documento, eles são "muito potentes" e com "alto risco de intoxicação e morte". 

Há preocupação com a crescente produção, em solo europeu, de outras drogas sintéticas como anfetaminas, MDMA e catinonas. A proximidade entre os locais de produção e os consumidores também "pode acelerar a evolução das tendências de consumo", observa o relatório. 

Europa tem 24 milhões de usuários de cannabis

As apreensões de produtos sintéticos ? como 2-MMC ou 4-BMC, estimulantes sintéticos semelhantes à catinona (princípio ativo do khat) ? estão em forte alta: em 2023, 37 toneladas foram apreendidas na Europa, contra 27 em 2022 e 4,5 em 2021. 

"Tratava-se principalmente de grandes importações vindas da Índia, ando principalmente pelos Países Baixos", detalha a agência, acrescentando que quantidades significativas dessas substâncias também são produzidas em países europeus. 

Cerca de 53 laboratórios de produção de catinonas foram desmantelados na UE em 2023, a maioria na Polônia, contra 29 em 2022. 

A cocaína continua sendo o estimulante "mais consumido na Europa, com cerca de 4,6 milhões de usuários europeus entre 15 e 64 anos em 2024. Mas a droga mais popular continua sendo o cannabis, com 24 milhões de consumidores em 2024 na Europa, segundo a EUDA. 

A agência alerta que alguns produtos vendidos como cannabis "podem estar adulterados com novos canabinoides sintéticos de alta potência, sem o conhecimento dos usuários". Essas substâncias sintéticas ou semissintéticas imitam os efeitos do THC, o componente psicoativo da cannabis. 

Em junho de 2024, por exemplo, cerca de 30 pessoas foram gravemente intoxicadas na Hungria após consumirem "balas de goma contendo canabinoides semissintéticos potentes". 

Segundo a EUDA, "as rápidas mudanças no mercado europeu de drogas criam novos riscos para a saúde e a segurança", com "fornecedores e consumidores se adaptando à instabilidade geopolítica, à globalização e aos avanços tecnológicos". 

A agência anunciou novas iniciativas, que ainda deverão ser implementadas. Entre elas estão um "sistema europeu de alerta", um "sistema de avaliação de ameaças à saúde e à segurança" e uma rede de laboratórios forenses e toxicológicos para melhorar o compartilhamento de informações sobre essas drogas sintéticas.  

(Com informações da AFP)

Notícias