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Professor: chefe do tráfico morto fez lipo e tirou bala da cabeça em casa

Conhecido como "Professor", Fhillip da Silva Gregório é investigado por abastecer o Comando Vermelho com armas, drogas e munições - Reprodução/Redes Sociais/PF
Conhecido como "Professor", Fhillip da Silva Gregório é investigado por abastecer o Comando Vermelho com armas, drogas e munições Imagem: Reprodução/Redes Sociais/PF
do UOL

Colaboração para o UOL

02/06/2025 10h01

Fhillip da Silva Gregório, 37, conhecido como "Professor" do Comando Vermelho, morreu na noite de ontem no Rio de Janeiro. Ele vivia recluso há cinco anos no Complexo do Alemão, na zona norte, fez lipoaspiração, implantou cabelo e construiu uma mansão com piscina.

Quem era 'Professor'

Era considerado foragido desde 2018. Condenado a 14 anos de prisão, havia sido preso em 2015 e recebeu o benefício de Visita Periódica ao Lar em setembro de 2018. Nunca mais retornou ao presídio e ou a figurar na lista de procurados do Disque Denúncia, com mandado em aberto por homicídio qualificado.

Acumulava agens por envolvimento com a logística do tráfico. Em 2012, foi preso com comprovantes de depósitos destinados a traficantes da Nova Brasília e anotações contábeis. Em 2015, foi capturado em um sítio em Seropédica (RJ) com 100 kg de cocaína.

Levava uma vida de ostentação no alto do morro. "Professor" reformou sua casa no Complexo do Alemão, construiu piscina, hidromassagem e um centro cirúrgico. Com apoio de médicos cooptados, fez lipoaspiração, implante capilar e retirou um projétil da cabeça.

Para manter o domínio local, investia em ações assistenciais. Distribuía brinquedos, pagava consultas e remédios para moradores e bancava bailes funk e shows de pagode. Segundo a PF (Polícia Federal), as ações serviam para reforçar sua imagem de liderança e manter apoio da comunidade.

Era apontado como o responsável pela compra e transporte de armas e drogas para o Comando Vermelho. Interceptações da PF mostram que pagava propina a policiais, que até reclamavam dos valores. "Favela grande, só manda isso", escreveu um PM a ele, segundo relatório da Polícia Federal.

"Professor" também estava envolvido com o tráfico internacional de armas. Ele foi um dos principais alvos da Operação Dakovo, que investigou um esquema bilionário de importação de 43 mil armas da Croácia, Turquia, República Tcheca e Eslovênia, com revenda a facções brasileiras. As armas avam pelo Paraguai e tinham numeração raspada.

Ele mantinha interlocução direta com os intermediários da empresa responsável pelas armas. Segundo a Folha, seu principal contato era Angel Flecha, representante da IAS-PY, empresa ligada ao argentino Diego Hernan Dirísio, apontado como operador do esquema. A movimentação do grupo teria gerado cerca de R$ 1,2 bilhão.

Mesmo com mandados em aberto, ele não deixava a comunidade há anos. Segundo investigações, não saía da Fazendinha, no Complexo do Alemão, desde 2020. Comandava à distância, com articulações que envolviam conexões no Peru, Bolívia e Colômbia. Sua prisão era considerada de alto risco pela polícia fluminense.

*Com reportagens do UOL publicadas em 06/12/2023 e 04/05/2025; e da Folha, publicadas em 06/12/2023, 12/12/2023 e 15/01/2025.

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