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Polícia Civil identifica depósitos "incomuns" em conta de Augusto Melo, afastado do Corinthians

05/06/2025 19h07

A Polícia Civil identificou depósitos considerados "incomuns" de R$ 152 mil em espécie na conta de Augusto Melo, presidente afastado do Corinthians. Os depósitos se tornaram públicos por meio da incorporação das informações financeiras na resposta do delegado Tiago Fernando Correia ao pedido de habeas corpus feito pela defesa do mandatário, que tem tentado anular o indiciamento no caso VaideBet.

Segundo o relatório das autoridades, ao qual a Gazeta Esportiva teve o, Augusto Melo recebeu o valor total de R$ 152.070 entre dezembro de 2023 e abril de 2024, por meio de depósitos em espécie de até R$ 2 mil que foram adicionados à conta do mandatário.

A prática pode ter sido uma tentativa de "burlar os mecanismos de controle", segundo as autoridades policiais. Tal ação teria como objetivo encobrir e impossibilitar a tentativa de identificação da origem do dinheiro e dos responsáveis pelos depósitos.

É uma determinação do Banco Central (BC) que apenas depósitos acima de R$ 2 mil precisam ser identificados. A medida está válida no Brasil desde 2020.

A informação sobre os depósitos na conta de Augusto Melo foi inicialmente divulgada pelo UOL e confirmada pela Gazeta Esportiva.

Tais depósitos, de acordo com o documento da Polícia Civil, são considerados provas indiciárias. As autoridades entendem que eles se relacionam diretamente com os indícios de que Augusto Melo possivelmente usou o clube para movimentar dinheiro de modo suspeito.

A Polícia, inclusive, não descarta a possibilidade de instaurar um novo inquérito. Este, porém, não seria relacionado ao caso VaideBet, mas ligado diretamente a Augusto Melo, com o objetivo de apurar as suspeitas que giram em torno das movimentações financeiras do presidente afastado.

MOVIMENTAÇÕES EM PERÍODO ESPECÍFICO

O relatório da Polícia Civil levou em consideração o período de agosto de 2023 até agosto de 2024. De agosto de 2023 a novembro daquele mesmo ano, nenhum depósito foi registrado na conta de Augusto.

Já em dezembro de 2023, um mês após ter sido eleito presidente do Corinthians, Augusto Melo recebeu R$ 41.750 em dois depósitos. Em janeiro de 2024, apenas em seu primeiro mês de mandato, o mandatário recebeu outros R$ 29.700 por meio de 17 depósitos.

Em fevereiro de 2024, foram 10 depósitos que totalizaram R$ 18.250. Já em março, Augusto recebeu R$ 30.700 em 17 depósitos, enquanto em abril, foram mais 17 depósitos, que somaram R$ 31.770. Em maio, as movimentações se encerraram. Neste mesmo mês, surgiram as primeiras denúncias em relação ao caso VaideBet.

Os valores, portanto, não foram mais depositados entre maio e agosto de 2024. O fato de Augusto Melo ter recebido estes depósitos apenas entre o período de dezembro de 2023 a abril de 2024, em seus primeiros meses de mandato, é considerado fundamental pela Polícia no caso.

SUSPEITA DE FRAGMENTAÇÃO DE RECURSOS

Conforme consta no relatório da Polícia Civil, depois de receber os depósitos em espécie, o presidente afastado também era pago, através da ferramenta PIX, com valores irrisórios. Essa seria uma forma de identificar quem realizou a transferência anterior.

Um dos nomes que aparece como depositante é o de Carlos Eduardo Melo Silva, mais conhecido como Kadu, que é sobrinho de Augusto e conselheiro do Corinthians. Ele foi identificado por meio de transações no PIX de até R$ 100,00 após os depósitos.

As autoridades policiais que investigam o caso entendem que a sequência de depósitos em espécie na conta de Augusto Melo apresenta uma situação suspeita de fragmentação de recursos.

Augusto Melo foi indiciado pela Polícia Civil por associação criminosa, furto qualificado e lavagem de dinheiro relacionados ao caso VaideBet, antiga patrocinadora máster do clube. Também foram indiciados o ex-superintendente de marketing Sérgio Moura, o ex-diretor istrativo Marcelo Mariano, além de Alex Fernando André, conhecido como Alex Cassundé, apontado no contrato entre clube e a casa de apostas como intermediador do acordo.

POSICIONAMENTO DE AUGUSTO MELO

Augusto Melo tomou ciência da repercussão do assunto e publicou uma nota em suas redes sociais. A defesa do mandatário criticou o vazamento do documento reforçou que o presidente afastado entregou seus extratos voluntariamente à Polícia Civil. Confira, abaixo, a manifestação do presidente afastado:

"O presidente eleito do Sport Club Corinthians Paulista, Augusto Melo, e sua defesa vêm a público manifestar sua indignação e repudiar a forma como informações sob segredo de justiça vêm sendo reiteradamente vazadas e manipuladas pela imprensa, comprometendo o direito à defesa e expondo injustamente o nome de Augusto Melo.

Não há condições de se aceitar o vazamento de uma documentação importante para sua defesa, em que seus advogados não tiveram o ao relatório, ou conclusão ou qualquer fatia do conteúdo que o portal UOL teve.

Defendemos o direito da imprensa, e salientamos nossa resposta ao portal, que entrou em contato respeitosamente e procurou a defesa do

presidente artes de publicar o conteúdo. O que precisa ficar frisado é que os depósitos constam em extratos bancários entregues voluntariamente por Augusto Melo à Polícia Civil, mediante autorização expressa para a quebra de seu sigilo bancário. Ou seja, não há ocultação de dados e nenhuma conduta suspeita.

A defesa trabalha com a convicção de que o processo será trancado por falta de justa causa, diante da ausência de qualquer indício concreto de ilegalidade. E reforça: depósitos de até R$2 mil são tecnicamente o limite aceito por caixas eletrônicos de qualquer banco no Brasil.

A verdade prevalecerá".

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