'Guerreiros do Sol' quer ousar em sexo e violência: 'Streaming permite'

"Guerreiros do Sol" estreia nesta quarta-feira no Globoplay e promete revisitar o universo do cangaço a partir de uma perspectiva menos caricata e mais humana em comparação ao que já foi feito sobre o tema na TV brasileira, com direito a um olhar mais feminino e personagens LGBT.
Cangaço
A trama se a no sertão nordestino dos anos 1920 e foi inspirada na vida de Lampião e Maria Bonita, apesar de estar longe de ser uma biografia. "É ficção", argumentam os autores George Moura e Sérgio Goldenberg sobre a obra que terá 45 episódios e uma estrutura que pode lembrar a das séries.
A história acompanha Rosa (Isadora Cruz) e Josué (Thomás Aquino), dois sertanejos que se apaixonam e se tornam um dos casais de cangaceiros mais famosos da história. Tudo começa quando Josué Alencar enfrenta o poderoso Coronel Elói Bandeira (José de Abreu) na disputa pelo amor de Rosa. Sentindo-se humilhado por ter sido desafiado por um homem mais pobre, Elói decide se vingar da família Alencar e provoca uma tragédia que muda o destino de todos.
Em busca de justiça, Josué e seus irmãos —Arduíno (Irandhir Santos), Crispino (Ítalo Martins) e Sabiá (Vitor Sampaio)— se unem ao bando do cangaceiro Miguel Ignácio (Alexandre Nero). Josué rapidamente conquista a confiança do líder, o que desperta o ciúme de Arduíno. Quando a traição do irmão mais velho vem à tona, Josué expulsa Arduíno do grupo. Tomado pelo ressentimento, Arduíno se alia à polícia visando capturar Josué.
A gente sempre teve nas nossas narrativas essa preocupação de não cair na caricatura... Estamos buscando o crível, o verossímil, o humano e não o estereótipo. George Moura
Olhar feminino e pauta LGBT
Além de evitar clichês sobre o Nordeste, a novela também quer trazer discussões contemporâneas sobre representação e desejo, incluindo cenas de sexo. O autor diz que a história tem liberdade para explorar mais profundamente a sexualidade dos personagens. "A novela no streaming permite ir mais fundo no sexo e na violência. E contamos essa história um pouco como a vida é. Se existia sexo, por que não teria também na dramaturgia?".
Cenas de romance LGBT também estão incluídas na trama a partir da relação entre Otília (Alice Carvalho), irmã de Rosa, e Jânia (Alinne Moraes). "Desde que existe querer, existe mulher querendo mulher, existe homem querendo homem. E se falássemos disso em uma obra de época? Tivemos uma liberdade absoluta para contar essa história", diz Alice.
Protagonista da trama, Isadora Cruz comemora a liberdade criativa da ficção e a força das personagens femininas. "O que tem de diferente na nossa história é que não é a história de Maria Bonita e Lampião. Isso nos dá liberdade para criar outros caminhos, outros destinos".
Apesar da licença poética, "Guerreiros do Sol" teve apoio acadêmico para manter um pé na realidade. O historiador Frederico Pernambucano de Mello, autor do livro que dá nome à novela, atuou como consultor da produção. "Ele era uma bússola para nos dizer: 'isso aconteceu', 'isso é possível', 'isso não é'. A nossa narrativa, embora sendo uma novela, é realista, naturalista... Não fizemos o cangaço como ele foi exatamente, mas como poderia ter sido", explica George.